A Tesla entrou na Suprema Corte de Delaware para tentar restaurar o pacote de pagamento de US$ 56 bilhões de Elon Musk (mais de R$ 300 bilhões) — considerado o maior da história corporativa. A disputa marca o capítulo final de uma das batalhas legais mais polêmicas do mundo dos negócios, que já levantou questionamentos sobre o poder de Musk dentro da empresa e até sobre o futuro das leis corporativas nos Estados Unidos.
O caso começou em 2018, quando o conselho da Tesla aprovou o plano de compensação bilionário, atrelado a metas de desempenho que Musk acabou cumprindo. No entanto, em janeiro de 2024, a juíza Kathaleen McCormick, da Corte de Chancelaria de Delaware, anulou o acordo ao considerar que o conselho não era independente e que os acionistas não tinham informações suficientes quando votaram a favor do pacote.
Agora, os advogados da Tesla alegam que a decisão precisa ser revista, já que uma nova votação entre acionistas, feita em 2024, teria reafirmado o apoio ao pagamento. “Foi o voto mais bem informado da história de Delaware”, afirmou Jeffrey Wall, advogado da companhia (via Reuters).

O julgamento, acompanhado por dezenas de advogados e executivos, pode mudar o equilíbrio das relações entre empresas e acionistas. Delaware, tradicionalmente visto como o lar das grandes corporações americanas, tem perdido espaço para estados como Texas e Nevada, mais “amistosos” com diretores e executivos. O fenômeno já ganhou até apelido: “Dexit” — uma referência ao Brexit, quando o Reino Unido deixou a União Europeia.
Do outro lado, o advogado Greg Varallo, que representa o investidor Richard Tornetta (detentor de apenas nove ações da Tesla), argumenta que permitir uma nova votação após uma decisão judicial abriria precedentes perigosos. “Os processos se tornariam intermináveis”, alertou.
Mesmo que perca o recurso, Musk ainda deve receber dezenas de bilhões de dólares em ações, graças a um novo plano aprovado pela Tesla em agosto. A empresa, agora incorporada no Texas, também já propôs um novo pacote de remuneração avaliado em até US$ 1 trilhão, reforçando a confiança no bilionário para liderar a transição da montadora rumo à robótica e à direção autônoma.
Para a Tesla, o pacote original de 2018 — que poderia chegar a US$ 120 bilhões com a valorização das ações — foi essencial para “reter e motivar” Musk. Porém, para muitos, o caso é o retrato de um CEO que se tornou maior que a própria empresa.
Crédito de imagem: Sebastian Gollnow/picture alliance, Patrick Pleul/dpa (por Patrick Pleul/picture alliance via Getty Images
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