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“Estamos a poucos meses de uma tragédia”: as vans elétricas não vendem e Stellantis ameaça fechar fábricas

A pressão das montadoras é para que o prazo de eliminar os carros a combustão em 2035 seja revisado

A pressão das montadoras é para que o prazo de eliminar os carros a combustão em 2035 seja revisado / Imagem: Motorpasión
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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O chefe europeu do grupo Stellantis, Jean Philippe Imparato, alertou esta semana que, não bastasse as vendas de carros elétricos não estarem alcançando os níveis esperados (sendo que estamos a 10 anos da proibição da venda de veículos a diesel e gasolina na Europa), as vendas de vans elétricas também não. Na verdade, estão ainda piores.

“Estamos a poucos meses de uma tragédia”, advertiu Jean-Philippe Imparato, levantando o fantasma do fechamento de fábricas durante uma visita à planta do grupo em Hordain, no norte da França.

A poucos meses do fechamento de fábricas, segundo a Stellantis

A Stellantis afirma que corre o risco de uma multa de 2,6 bilhões de euros em três anos, até o final de 2027, caso o mercado se mantenha no nível atual de 9% de veículos comerciais elétricos. A meta estabelecida pela Europa é de cerca de 24% para 2027, segundo a Stellantis.

“Se eu pagar essa multa, terei que fechar fábricas, está escrito”, porque no final será necessário limitar a produção de veículos a diesel para atingir a cota de elétricos, explicou Jean-Philippe Imparato.

Carros

E em um mercado onde a imensa maioria das vendas é de motores a diesel, muitas de suas fábricas se tornariam redundantes, garante a Stellantis. Além da fábrica de Hordain (França), a de Vigo é uma das que mais produz veículos comerciais, se não a que mais.

Os veículos comerciais e industriais leves estão sujeitos à mesma futura proibição em 2035 que os carros de passeio. Atualmente, as vans a diesel são responsáveis por 3% das emissões europeias de CO2.

Jean-Philippe Imparato, ex-CEO da Peugeot e Alfa Romeo, segue os passos de John Elkann (Stellantis) e Luca de Meo (Renault), que há menos de dois meses pediram à UE que simplifique urgentemente suas normas sobre emissões e veículos elétricos, por considerar que ameaçam a médio prazo a produção na Europa.

Este é o último exemplo de uma fabricante que está pressionando para 2026, ano em que deve ser revisada a proibição da venda de carros novos a diesel em 2035.

O Grupo Volkswagen, maior fabricante europeu e líder em vendas de carros elétricos na Europa, também defende certa flexibilidade na proibição total de 2035. Isso foi alertado por uma de suas marcas principais, a Porsche, enquanto a Volkswagen afirmou no início do ano que o motor de combustão interna sobreviveria além de 2030 nos carros elétricos de autonomia estendida do Grupo Volkswagen.

A Audi, por sua vez, afirma que vender somente carros elétricos até 2033, pensando em 2035, não é viável para a marca. Por isso, decidiu voltar a desenvolver motores de combustão interna, oferecendo “flexibilidade total por pelo menos mais sete, oito, talvez 10 anos”, explicou o diretor executivo da Audi, Gernot Döllner, “e depois veremos como nossos mercados evoluem”.

Pouco a pouco, a pressão funciona

Assim, a Europa já deu um passo a favor da indústria ao conceder mais tempo para que os fabricantes atinjam suas metas de redução de emissões por meio da eletrificação de forma mais gradual, para evitar multas em 2025. Agora, eles têm até 2027 para cumprir as metas de 2025.

E no caso da cláusula de revisão da proibição para 2035, os primeiros resultados já começam a aparecer. No mês passado, tanto a Alemanha quanto a França — embora de forma ainda bastante tímida no caso francês — começaram a considerar a possibilidade de eliminar completamente os motores de combustão interna da equação, deixando a porta aberta, ao menos, para os híbridos plug-in (PHEV) ou elétricos de autonomia estendida (EREV).

Este texto foi traduzido/adaptado do site Motorpasión.

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