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A BYD decidiu derrubar o preço dos carros elétricos e estratégia já está afetando suas ações

Desde que os descontos foram anunciados, as ações da BYD caíram 13% — reguladores temem possível guerra de preços

BYD coloca superdescontos em seus carros na China - tentativa de falir a concorrência? / Imagem: BYD
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Vai gerar confiança ou preocupar os investidores? É isso que nos perguntamos ao ver o último movimento da BYD na China, onde a empresa aplicou descontos agressivos em sua frota. A decisão foi mal recebida pelos mercados, mas demonstra que a companhia tem força para agitar o setor sozinha.

No último dia 23 de maio, a BYD anunciou uma redução significativa nos preços de sua frota na China. Ao todo, 22 modelos receberam descontos, incluindo o BYD Seagull, o carro elétrico mais barato do mercado e um dos maiores sucessos da empresa no país, que teve seu preço reduzido em mais 20%.

É o exemplo mais chamativo de uma série de descontos que começaram em abril, mas que se intensificaram em maio. Em alguns casos, os cortes chegaram a atingir até 34%.

Queda das ações

A resposta do mercado, no entanto, foi clara: uma queda de 13% nas ações da BYD. Esse é o número registrado desde o anúncio dos descontos no último dia 23 de maio. Os investidores interpretaram isso como um sinal de fraqueza ou, então, como uma maior dificuldade para obter lucro com os veículos.

Mas as vendas cresceram: 382.476 unidades foi o que a BYD vendeu no mês de maio de 2025. É o maior volume registrado até agora neste ano e, novamente, os carros elétricos (204.369 unidades) superaram os híbridos plug-in (172.561 unidades), algo que não acontecia desde o início de 2024, segundo dados da Bloomberg.

O crescimento das vendas da BYD vem, sem dúvida, impulsionado pelos atrativos descontos aplicados na última semana de maio (que, vale lembrar, se somam aos de abril). Na ausência de dados semanais oficiais, para termos uma ideia, o CarNewsChina registrou os números de 19 a 25 de maio. Nesse período, a BYD colocou no mercado 53.320 unidades de carros elétricos. A segunda colocada foi a Tesla, com 10.970 unidades.

Os investidores parecem estar preocupados, entre outras coisas, com a rentabilidade. A Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis, sem citar nenhum fabricante, afirmou que “as guerras de preços desordenadas intensificam a feroz concorrência, comprimindo ainda mais as margens de lucro das empresas”, segundo a Bloomberg.

O mesmo veículo afirma que os reguladores deram um alerta à empresa, temendo que o desencadeamento de uma guerra de preços possa eliminar parte da concorrência. Ainda segundo a Bloomberg, os reguladores chegaram a pedir aos fabricantes “concorrência leal” para evitar a criação de um cenário monopolista.

Uma guerra aberta

O que está claro é que, com esses descontos, a BYD abriu uma guerra de preços com as demais montadoras. Por enquanto, a Great Wall Motors afirmou que, se essa tendência continuar, poderemos assistir ao “Evergrande do setor automotivo”, segundo declarações divulgadas pelo CNEvPost. Evergrande é uma gigantesca incorporadora imobiliária chinesa que enfrentou uma enorme crise financeira e risco de falência a partir de 2021.

Embora, mais uma vez, não tenham sido citados nomes específicos, a associação aponta diretamente para a BYD, que parece ser uma das fabricantes com maior volume de carros encalhados no mercado. A imprensa também informou que os reguladores convocaram uma reunião com as montadoras para discutir o tratamento dos veículos zero quilômetro que estão sem vender.

Por que a BYD optou por isso? Há vários motivos que explicam por que a companhia chinesa iniciou uma corrida aberta para reduzir os preços de seus carros:

  • Possui um grande estoque de carros não vendidos, que precisa escoar após suas próprias promessas terem deixado esses veículos obsoletos.
  • Tem como grande objetivo vender 5,5 milhões de carros. Isso exigiria quase meio milhão de veículos por mês, meta que não está conseguindo alcançar no momento.
  • É uma oportunidade para limpar o mercado e eliminar concorrentes. Sua força nas vendas permite que pressione mais do que qualquer outro player no mercado e leve empresas à falência, algo que alguns analistas já vêm alertando há algum tempo.

Foto | BYD

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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