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Arquitetos incas dominaram técnicas que os atuais ainda não conseguem empregar

As construções realizadas durante o império Inca surpreende pela estrutura avançada

Foto do Machu Picchu
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Laura Vieira

Redatora
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Laura Vieira

Redatora

Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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Japão, Indonésia, Irã, Filipinas, China, Chile e Peru: sabe o que todos esses países têm em comum? No mundo todo, eles são os mais afetados por terremotos e seus impactos. Isso acontece porque esses países ficam localizados bem próximos às placas tectônicas, blocos rochosos que compõem a crosta terrestre, então são mais suscetíveis a sentir os abalos sísmicos provocados pelo choque dessas placas. É por essa razão que a arquitetura anti-sísmica é uma excelente opção para países propensos a terremotos.

No entanto, como é de se imaginar, as construções com essas características não são tão simples como a arquitetura “normal”. A arquitetura anti-sísmica é complexa e envolve várias técnicas e materiais que resistem aos efeitos dos abalos provocados pelos terremotos. Mas surpreendentemente, apesar de complexo, os Incas já dominavam essa técnica há cerca de 600 anos atrás, algo impressionante para os recursos disponíveis na época.

O que é arquitetura anti-sísmica?

A arquitetura anti-sísmica é um conjunto de técnicas projetadas para resistir aos efeitos dos abalos sísmicos provocados pelos terremotos. Além da complexidade para a construção de tais estruturas, o custo é, sem dúvidas, um dos maiores desafios desse tipo de arquitetura.

O Japão, um dos países que mais sofre com os terremotos, é o país de referência na arquitetura anti-sísmica, pois consegue construir estruturas reforçadas que resistem aos abalos. No entanto, os Incas, uma civilização pré-colombiana que existiu há quase 600 anos atrás, já dominava algumas técnicas revolucionárias de construções anti abalos sísmicos. Eles eram conhecidos por sua avançada organização social e administrativa, e também pela engenharia, arquitetura e rica cultura.

A arquitetura Inca é uma das mais impressionantes do mundo

Se você já viu os pontos turísticos e as construções realizadas durante o Império Inca, localizados em partes do Peru, Bolívia, Equador, Argentina e Chile, provavelmente se surpreendeu com as majestosas obras. A famosa propriedade Machu Picchu, localizada no Peru a uma altitude de 2.430 metros acima do nível do mar,  é um exemplo sobrevivente da arquitetura Inca que impressiona pela estrutura.

O ponto turístico fica em uma área geográfica marcada pela presença de montanhas e se destaca pelas paredes gigantescas feitas com rochas ígneas, com destaque para o granito. Para construir esse monumento, foi necessário a mão de obra de milhares de homens. No entanto, também existem outros locais com construções significativas e tão impressionantes quanto, como Sacsayhuamán e Ollantaytambo.

Sacsayhuamán, uma antiga fortaleza Inca localizada no Peru, também impressiona pela estrutura. O muro principal da fortaleza foi construído em zigue zague com pedras gigantes de até 5 metros de altura e 2,5 metros. Já Ollantaytambo, um sítio arqueológico Inca localizado no Vale Sagrado, no Peru, também surpreende pela estrutura de suas construções. Eles são conhecidos por suas majestosas construções megalíticas, estruturas pré-históricas feitas com grandes blocos de pedra que demonstram o avançado conhecimento de engenharia e arquitetura desse povo. Tanto Machu Picchu, quanto Sacsayhuamán e Ollantaytambo são exemplos notáveis de arquitetura anti-sísmica.

foto do Sacsayhuamán, no Peru O Sacsayhuamán é uma antiga fortaleza Inca construída com pedras de 5 metros de altura (Créditos: GettyImages)

Entenda porque os Incas se destacam nesse tipo de arquitetura

Muitas culturas desenvolveram técnicas surpreendentes para construir em áreas sísmicas, como é o caso de países como o Japão e a China, marcados por constantes terremotos em seus territórios. Mas por que os Incas também se destacam nesse tipo de arquitetura? Acontece que naquela época, há quase 600 anos atrás, os recursos não eram os mesmos que o de hoje em dia. Eles não possuíam máquinas modernas e tecnologia abrangente como os da atualidade. Por essa razão, tais construções realizadas por esse povo são impressionantes.

Basicamente, as estruturas dos grandes projetos eram construídas com pedras gigantescas, que foram moldadas, cortadas e movimentadas com recursos escassos da época. Um dos modelos mais comuns na arquitetura Inca é o kancha, uma estrutura arquitetônica retangular ou trapezoidal composta por um edifício de um único cômodo que dá para um pátio aberto.

O kalanka, uma estrutura retangular maior que o kancha com mais de 70 metros de comprimento, estava associado a tempos e espaços religiosos. Já o ushnu é composto  por estruturas retangulares escalonadas em forma de pirâmide e estava presente na grande maioria das cidades e locais importantes do povo Inca.

Mas como as pedras eram cortadas com precisão? Os incas construíram suas cidades com materiais disponíveis no local, geralmente como calcário ou granito. Para cortar essas rochas rígidas, eles usavam ferramentas de pedra, bronze ou cobre,  geralmente dividindo as pedras ao longo de linhas de fratura naturais.

Geralmente, as paredes dos edifícios Incas eram ligeiramente inclinadas para dentro e os cantos apresentavam uma característica arredondados. Isso, em combinação com a meticulosidade da alvenaria, levou os edifícios incas a terem uma resistência sísmica, graças à alta estabilidade estática e dinâmica, à ausência de frequências ressonantes e aos pontos em que se concentravam as tensões.

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