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A China acaba de alcançar o que o resto do mundo almeja: fabricar painéis solares de perovskita em grande escala

  • O gigante asiático está mirando cada vez mais alto e mais longe: não apenas dominar a produção, mas também aperfeiçoar a próxima geração de painéis solares.

  • Pesquisadores chineses resolveram os dois principais problemas das perovskitas: sua fragilidade e a dificuldade de produção em massa.

China ultrapassa todo mundo e consegue fabricar painéis de energia solar em alta escala | imagem: Academia Chinesa de Ciências
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Igor Gomes

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Igor Gomes

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Subeditor do Xataka Brasil. Jornalista há 15 anos, já trabalhou em jornais diários, revistas semanais e podcasts. Quando criança, desmontava os brinquedos para tentar entender como eles funcionavam e nunca conseguia montar de volta.

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A China não apenas lidera o mundo na produção de painéis solares: praticamente construiu sua indústria energética com base neles. Após anos de foco na expansão massiva de painéis de silício, o país voltou sua atenção para uma tecnologia mais promissora: células solares de perovskita.

O problema? Produzi-los em larga escala tem sido, até agora, um enorme desafio técnico. No entanto, resolver esse quebra-cabeça é, para a China, uma questão estratégica, e tudo indica que ela acaba de encontrar a peça-chave que faltava.

A peça que faltava

Após três anos de trabalho, um grupo de pesquisadores do Instituto de Química Aplicada de Changchun — parte da Academia Chinesa de Ciências — encontrou uma solução que pode fazer a diferença: uma camada ultrafina que melhora o fluxo de eletricidade em células solares de perovskita. Foi assim que eles conseguiram que os painéis tivessem melhor desempenho, durassem mais e, acima de tudo, pudessem ser produzidos em massa. E essa é a peça que faltava para que essa tecnologia desse o salto para o mercado global.

Em termos mais técnicos, a descoberta, publicada na revista Science, criou uma "molécula de radical duplo automontada", que atua como uma camada de transporte de lacunas (HTL). Essa camada intermediária é essencial para o funcionamento adequado dos dispositivos solares, pois facilita o movimento das cargas positivas geradas pela luz.

De acordo com testes realizados pela equipe do pesquisador Zhou Min, o novo material mais que dobra a taxa de transporte de portadores de carga em condições simuladas. E o mais impressionante é que os dispositivos feitos com ele apresentam desempenho praticamente inalterado mesmo após milhares de horas de uso contínuo.

O cerne da questão

As células solares de perovskita vêm ganhando as manchetes há anos. E não é à toa: são baratas, leves, eficientes e tão versáteis que podem ser instaladas em fachadas , janelas ou tecidos. Tudo indicava que seriam as sucessoras naturais do silício. Mas havia um problema que permanecia sem solução: sua fragilidade e a complexidade de sua fabricação em larga escala.

Dessa forma, este novo material aborda ambos os desafios. Por um lado, proporciona maior estabilidade, que resiste à degradação ao longo do tempo. Por outro, pode ser fabricado de forma fácil e uniforme, mesmo em grandes superfícies, sem perda de qualidade. Além disso, a inovação recebeu a certificação de eficiência do Laboratório Nacional de Energia Renovável dos EUA (NREL), o que lhe confere suporte técnico crucial além das fronteiras da China, de acordo com a Interesting Engineering.

Quem procura, acha

 A China não quer repetir o colapso de saturação que experimentou com o silício. Desta vez, mira mais alto e mais longe: não apenas dominar a produção, mas também aperfeiçoar a próxima geração de painéis solares. Com esse avanço, a perovskita deixa de ser uma promessa distante para se tornar uma realidade tangível. Se a tecnologia puder ser expandida comercialmente — como as equipes de pesquisa já planejam — poderemos estar testemunhando o início de uma nova era solar: mais limpa, mais eficiente e mais acessível a todos.

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