Tendências do dia

"Em 5 anos restarão apenas 5 marcas": CEO da Xpeng é claro sobre o futuro dos carros chineses

Após onda de vendas dos últimos anos, fim de alguns auxílios estatais e guerra de preços acirrada levaram fabricantes chineses a entrar numa espécie de "Jogos Vorazes"

Imagens | BYD, Xpeng
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
pedro-mota

PH Mota

Redator
pedro-mota

PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

894 publicaciones de PH Mota

A China segue uma estratégia muito clara com seus carros: inundar a Europa. E está fazendo isso tanto com fábricas no continente quanto com grandes navios que trazem milhares de carros da China. Eles são líderes em baterias e o carro elétrico é sua vanguarda, mas não podemos esquecer também os modelos a combustão. Há cada vez mais veículos chineses e há quem pense que essa competição acirrada pode levar ao fracasso de muitas empresas, a ponto de apenas algumas delas permanecerem no mercado a curto prazo.

Mais precisamente: apenas cinco. Pelo menos, segundo o CEO da promissora Xpeng.

Os nomes dos carros chineses já são bem conhecidos. Há marcas como BYD, Omoda ou MG que são cada vez mais vistas nas ruas europeias. Elas estão buscando estratégias para se tornarem grandes nomes em um mercado muito competitivo, expandindo redes de concessionárias, fabricando na Europa, se esforçando para entender o usuário europeu e firmando parcerias com marcas como a Stellantis para criar relacionamentos estratégicos.

Cada vez mais, há mais participantes que têm uma fatia menor do bolo agora, mas que têm ambição. A Xpeng desembarcou na Espanha em 2024 e vem conquistando outros mercados, como o Reino Unido. Sua intenção é estar presente em 60 países até o final deste ano, incluindo com concessionárias, e ainda há outros nomes por vir.

A Chery (dona da Ebro, Omoda e Jaecoo) prepara a chegada de uma nova marca, a Lepas, e fora do segmento automotivo, temos marcas como a Dreame (fabricantes de aspiradores de pó e robôs limpadores de piscina) que também estão interessadas neste mercado.

Neste cenário em que há cada vez mais marcas de automóveis chinesas, seja porque têm muitos modelos ou porque aderiram à onda por impulso governamental, entra em cena uma declaração polêmica de He Xiaopeng. Ele é o CEO da citada Xpeng e, em um podcast recente, comentou que o setor automotivo chinês entrou em uma fase eliminatória.

Seus comentários são radicais, afirmando que "nenhum fabricante chinês está a salvo de uma rodada de eliminação que chegará ao fim em cinco anos e na qual apenas cinco marcas permanecerão". Os motivos são os mesmos que atingiram a indústria de painéis solares da China há pouco tempo. Depois de inundar o Ocidente com sua tecnologia, uma guerra de preços feroz fez com que os vendedores tivessem que operar no prejuízo e fazer a coisa lógica: fabricar menos.

Há marcas como a BYD que eram lucrativas, mas outras dependem de atingir certa escala para sobreviver, e já há analistas que estimam que, embora o auxílio estatal tenha impulsionado as vendas iniciais, a retirada de incentivos aos consumidores impactará um mercado muito fragmentado.

Não é uma ideia maluca

A AlixPartners é uma consultoria que concorda com as previsões de He Xiaopeng, apontando que o número de marcas viáveis ​​de elétricos e híbridos aumentará das atuais 129 para apenas 15 até 2030, com apenas algumas gigantes dominando o mercado. É algo que abalaria marcas como a NIO, que buscou se diferenciar (criando até celulares para completar a experiência de seus carros), mas sofreu com problemas financeiros e de capacidade.

E não é preciso ir à China para ser catastrofista. Ola Källenius, CEO da Mercedes-Benz, já descreveu o mercado atual no ano passado como "uma guerra de preços darwiniana", na qual muitos dos atuais players desaparecerão em cinco anos. As chaves dos analistas para a sobrevivência de uma marca? Capacidade de produção, escala para outros mercados e liderança em baterias.

Imagens | BYD, Xpeng

Inicio