A partir de 2026, os europeus terão a opção de viajar de avião por apenas 5 euros, desde que aceitem viajar em pé durante o voo. As companhias aéreas low cost europeias estão prestes a revolucionar a experiência dos passageiros com a chegada dos assentos “Skyrider 2.0”.
Viajar barato, viajar mal
Já no próximo ano, a indústria aérea europeia se prepara para dar um novo passo na busca pela passagem mais barata. Várias companhias low cost planejam introduzir em seus aviões um conceito inédito: o assento “em pé”. Por trás desse nome provocativo, o Skyrider 2.0, desenvolvido pela fabricante italiana Aviointeriors, promete tarifas imbatíveis, às vezes tão baixas quanto 5 euros por trajeto. Mas essa revolução terá um preço: o conforto.
O Skyrider 2.0 não se parece em quase nada com os assentos tradicionais de avião. É uma espécie de sela acolchoada, fixada no chão e no teto da cabine, na qual o passageiro se posiciona em um ângulo de 45 graus, com o peso do corpo apoiado nas pernas e em um cinto abdominal. Não é exatamente sentar, é mais se apoiar — uma experiência comparável a esperar em um ponto de ônibus lotado, só que a 10 mil metros de altitude.
Rentabilidade acima de tudo
Esse dispositivo, duas vezes mais leve que um assento convencional, permite reduzir o consumo de combustível e aumentar a capacidade da cabine em 20%. As fileiras ficam apertadas, com apenas 58 cm de espaçamento (contra os habituais 75 a 80 cm), o que permite alocar cerca de dez passageiros a mais por voo em trajetos curtos.
NEW: 'Standing' airplane seats, which can increase passenger capacity by 20%, may be unveiled in 2026, according to the Daily Mail.
— Collin Rugg (@CollinRugg) May 21, 2025
Unreal.
The seats force passengers to sit up higher, so Airlines can place the seats closer together.
The "Skyrider 2.0" seat also weighs 50%… pic.twitter.com/gBZp2DTrdd
A lógica é implacável: mais passageiros, menos peso, menos custos de manutenção e, portanto, mais rentabilidade. Os assentos “em pé” reduzem os custos operacionais, aceleram a limpeza e permitem uma rotação mais rápida dos aviões. Esse modelo atrai especialmente as companhias ultra low cost, como a Ryanair, cujo diretor, Michael O’Leary, defende há mais de dez anos a introdução de “banquinhos com cinto” na parte dianteira de seus aviões.
Se a promessa de um voo por 5 euros faz brilhar os olhos dos caçadores de promoções, ela vem acompanhada de um grande sacrifício: a renúncia quase total ao conforto. É impossível se deitar, cochilar ou até mesmo se alongar. A experiência, limitada a voos de menos de duas horas, é voltada principalmente para viajantes apressados e pouco exigentes, dispostos a abrir mão do bem-estar em troca de um preço extremamente baixo.
E a segurança, onde fica?
A Aviointeriors garante que o Skyrider 2.0 passou com sucesso em todos os testes de segurança exigidos pela regulamentação aérea: cintos de segurança, evacuação rápida, resistência a turbulências. As autoridades europeias ainda precisam validar a certificação definitiva, mas a fabricante se mostra confiante. Resta saber se os passageiros aceitarão estar “em pé” em caso de fortes turbulências ou de um pouso mais turbulento.

O Skyrider 2.0 tem grandes chances de se consolidar nas rotas dentro da Europa com menos de duas horas de duração: Madri-Lisboa, Paris-Londres ou ainda Berlim-Praga. As companhias esperam, assim, atrair um público jovem, flexível e ávido por novidades (desde que sejam baratas), mantendo ao mesmo tempo uma oferta tradicional para os viajantes mais conservadores.
Um conceito que divide opiniões
Nas redes sociais, as reações variam entre fascínio e rejeição. Alguns comemoram a possibilidade de viajar por preços baixíssimos, outros denunciam a desumanização do transporte aéreo, falando em um “viveiro de passageiros”. Os mais céticos lembram que o conceito não serve para idosos, famílias ou pessoas muito altas.
Resta saber se a promessa da passagem a 5 euros será suficiente para fazer esquecer a ideia de um voo em pé. De uma coisa não há dúvida: a aviação low cost ainda não encontrou seus próprios limites na busca pela experiência do mais barato possível.
Este texto foi traduzido/adaptado do site JV Tech.
Ver 0 Comentários