Por algum tempo, o Renault Kwid E-Tech parecia ter virado apenas um carro quase decorativo da marca no Brasil: estava lá, era elétrico, tinha preço competitivo — mas já não chamava tanta atenção. Agora, a Renault resolveu mudar esse roteiro. E dá para sentir que a decisão tem nome e sobrenome: BYD Dolphin Mini.
A reestilização não é só um tapa no visual. O Kwid E-Tech 2026 ganha identidade própria, se afastando do irmão a combustão e se aproximando mais do Dacia Spring europeu — porém, com traços alinhados ao novo padrão global da Renault. Na frente, a antiga grade cromada dá lugar a uma peça preta com relevos e o novo losango em destaque. As luzes diurnas em forma de “Y” ficam em cima, enquanto os faróis halógenos permanecem abaixo, numa solução que economiza, mas funciona.
Na traseira, o carro parece maior — mérito das linhas inspiradas no novo Duster europeu e da faixa preta que conecta as lanternas em LED. Um detalhe que não transforma o carro, mas faz ele parecer mais moderno do que realmente é.
Por dentro, a evolução é clara. Painel redesenhado, multimídia flutuante de 10 polegadas e painel digital de 7 polegadas finalmente dão a sensação de “2026” que o Kwid precisava. O seletor de marchas estilo joystick e o ar-condicionado com comandos digitais ajudam a vender a ideia de um elétrico mais adulto, menos experimental.
Mas, debaixo da carroceria, tudo continua igual. O motor segue com 65 cv e 11,5 kgfm, alimentado por bateria de 26,8 kWh e autonomia de 185 km pelo Inmetro — números honestos para a proposta urbana. A recarga no carregador portátil é lenta (9 horas) e aceitável nos rápidos de 30 kW (cerca de 45 minutos de 20% a 80%).
Onde o Kwid tenta virar o jogo é na tecnologia: assistente de faixa, frenagem automática, reconhecimento de placas, detector de fadiga, sensores por todos os lados e câmera de ré. Em um elétrico de R$ 99.990, isso pesa — principalmente quando o concorrente mais falado do momento, o BYD Dolphin Mini, custa R$ 119.990.
A Renault não criou um novo carro — mas reposicionou o Kwid E-Tech no debate. Ele continua simples, limitado em desempenho e autonomia, mas agora faz mais sentido para quem quer entrar no mundo dos elétricos sem estourar o orçamento. Um claro recado para as fabricantes chinesas. Afinal, a briga do mercado de elétricos em 2026 está só começando.
Créditos de imagens: Renault
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