Êxodo em Israel: alguns engenheiros da Intel estão sendo demitidos e outros foram recrutados pela NVIDIA

  • A filial da Intel em Israel é responsável, entre outras coisas, pelo desenvolvimento da plataforma Centrino e dos processadores Intel Core

  • Em Israel, a empresa conta com 11.700 empregados, sendo cerca de 7.800 engenheiros que trabalham em pesquisa e desenvolvimento

Intel Israel enfrenta problemas com a reestruturação / Imagem: Intel
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Relato de Juan Carlos López, do Xataka Espanha

A filial da Intel em Israel desempenha um papel fundamental na companhia há décadas. Embora esteja em operação há muito mais tempo, seu primeiro grande marco ocorreu em março de 2003. Naquele mês, a Intel lançou globalmente a plataforma Centrino, e grande parte das tecnologias que a tornaram possível foram desenvolvidas pelos engenheiros da empresa em Israel. Centrino foi um enorme sucesso na época e uma peça chave que ajudou a Intel a dominar o mercado de computadores portáteis.

O próximo grande feito da Intel Israel não demorou a chegar. Em 2006, a equipe de engenheiros que trabalhava em Haifa desenvolveu a microarquitetura Intel Core, uma solução que, naquele momento, revolucionou o mercado por sua eficiência energética e desempenho. Essa implementação foi tão sólida que perdura até os dias de hoje, embora, como era de se esperar, tenha passado por inúmeras modificações, nem todas bem-sucedidas. Além disso, a filial israelense da Intel tem participado de forma importante no desenvolvimento dos Pentium MMX, dos chips para inteligência artificial e da conectividade 5G.

Intel Israel enfrenta uma reestruturação

Em setembro de 2022, tive a oportunidade de visitar a fábrica de semicondutores que a Intel possui em Kiryat Gat (Israel) e não perdi a chance de conversar longamente com Tomer Sasson, um engenheiro industrial israelense que foi o principal responsável pelo desenvolvimento tanto dos processadores Intel Core de 12ª geração (Alder Lake) quanto dos Intel Core de 13ª geração (Raptor Lake).

Uma das perguntas que fiz a esse técnico tinha como objetivo entender os motivos pelos quais a Intel Israel conseguiu se firmar como uma das filiais mais poderosas dentro da empresa a nível global. A resposta que Sasson me deu foi muito interessante:

"Acho que isso faz parte da nossa cultura. Como você sabe, falamos em hebraico, não em inglês, e as pessoas que usam essa língua são muito diretas. Pegamos os problemas e não ficamos enrolando. Nos concentramos neles, nos desafios que apresentam, e buscamos a forma de resolvê-los, o que nos permite nos comprometer com nosso objetivo de uma maneira muito intensa. No entanto, também sabemos como colaborar com as equipes que temos em outros países, como os Estados Unidos ou a Índia, em áreas como design, fabricação, validação ou gestão das plataformas, que é exatamente a minha área de atuação."
"De qualquer forma, tudo isso é fruto do trabalho em equipe, e não do esforço de uma única pessoa ou de um único país, por isso é que foi possível — graças ao esforço que fizemos para colaborar com outros escritórios da Intel e planejar atividades conjuntas. Acho que tudo isso, aliado à dedicação, motivação e uma abordagem que nos permite encarar os desafios de frente, ir direto ao ponto, é o que nos torna tão únicos."

Seja como for, atualmente a Intel está passando por uma fase muito complicada. E seu impacto está sendo sentido até mesmo em sua filial israelense. Em Israel, a companhia conta com aproximadamente 11.700 funcionários, dos quais cerca de 7.800 são engenheiros que trabalham no departamento de pesquisa e desenvolvimento. Segundo o DigiTimes Asia, a diretoria da Intel está planejando o corte de várias centenas de empregados dos centros de pesquisa e desenvolvimento em Israel como parte da reestruturação que a empresa está enfrentando para reduzir seus custos.

O curioso é que, no início de 2024, dezenas de engenheiros israelenses deixaram a Intel para se juntar à NVIDIA, sem que o motivo estivesse claro naquele momento. Quem sabe, talvez, já então vissem a crise profunda na qual a Intel entraria.

Imagem | Intel

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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