China vai testar robôs humanóides em operações na fronteira com o Vietnã

Uma passagem fronteiriça entre a China e o Vietnã será um cenário real para testar humanóides em ambientes públicos e industriais

Robôs UBTech / Imagem: UBTECH
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Em Fangchenggang, onde os guichês de controle e os caminhões de carga definem a rotina de uma fronteira com o Vietnã, prepara-se um experimento que não acontecerá com protótipos de laboratório, mas sim entre viajantes, agentes e trabalhadores logísticos. A China escolheu esse local para testar robôs humanóides em situações reais, com entregas previstas a partir de dezembro e funções muito específicas: orientar o movimento de pessoas, apoiar tarefas logísticas, participar de certos serviços comerciais e realizar inspeções tanto em postos fronteiriços quanto em instalações industriais.

O acordo assinado entre a fabricante de robôs UBTech e um centro especializado em robótica dessa cidade fronteiriça chega a 264 milhões de yuans, cerca de R$ 200 milhões, e prevê o uso do modelo Walker S2 em diferentes tipos de cenários: passagem fronteiriça, áreas logísticas e complexos industriais. Segundo a empresa, os humanóides serão destinados a orientar o fluxo de pessoas, organizar operações de transporte interno e realizar inspeções estruturadas em instalações ligadas ao aço, cobre e alumínio.

Dos protótipos aos 800 milhões

A UBTech chegou a Fangchenggang com um modelo que já não é apresentado como protótipo, mas sim como um produto industrial. A série Walker acumula pedidos avaliados em 800 milhões de yuans (R$ 600 milhões) para 2025, sem incluir os modelos educacionais e de pesquisa. A UBTech afirma que já começou a entregar os primeiros lotes industriais do Walker S2 e que seu objetivo é acelerar a produção em escala, com foco na fabricação de milhares de unidades e na redução de custos para que os humanoides sejam incorporados a ambientes reais.

A implantação da UBTech se encaixa em uma tendência mais ampla dentro do setor público chinês. O escritório de imigração de Zhejiang já utiliza robôs para tarefas diárias, como apoio no fluxo de pessoas e serviços informativos. No aeroporto de Hangzhou, um desses sistemas responde a perguntas simples dos passageiros, enquanto, na cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, realizada em Tianjin, foi utilizado um robô multilíngue desenvolvido pela iBen Intelligence para assistência protocolar.

A iniciativa em Fangchenggang faz parte de uma estratégia coordenada pelo governo chinês para organizar o setor de robôs humanóides no país. O Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação criou um comitê nacional específico para esse tipo de robô, presidido pelo próprio órgão e composto por empresas, centros de inovação e especialistas relevantes. Entre os membros estão executivos de UBTech, Unitree, AgiBot e representantes do centro de inovação de Xangai. O objetivo é estabelecer padrões e acelerar a transição do laboratório para aplicações comerciais e administrativas.

O relevante não é apenas o fato de que os humanóides tenham contratos e funções definidas, mas o local onde serão testados. Uma fronteira é um espaço regulado, com pessoas em trânsito, mercadorias, controles e tempos rigorosos. Se os autômatos derem certo ali, será mais fácil propor novas aplicações em outros contextos também públicos. A passagem de Fangchenggang funciona como laboratório, mas também como cenário para observar o que significa compartilhar tarefas entre máquinas e trabalhadores humanos.

Imagens | UBTECH

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.


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