Laura Vieira
RedatoraJornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.
Os deliveries de alimentos, como o iFood, 99Food e Keeta, é um serviço que tem crescido cada vez mais no mundo. De acordo com o Pickngo, um sistema de gestão logística para restaurantes, o mercado global desse setor atingiu US$380 bilhões em 2024, e estima-se que esse valor ultrapasse os US$600 bilhões até 2030. Dentro desse meio, naturalmente há rivalidades entre as empresas que disputam essa hegemonia do mercado. Porém, o que antes parecia ser apenas uma competição por restaurantes e clientes, se transformou em uma disputa judicial envolvendo acusações de espionagem, contratos polêmicos, roubos de dados, investigações da polícia e até “batalha das mochilas” nas ruas.
Keeta denuncia tentativa de espionagem por outras empresas de deliveries
A Keeta, a maior empresa de delivery do mundo, é uma marca internacional da Meituan, e foi criada para operar em mercados fora da China. Ela começou a operar no Brasil ainda esse ano, em outubro, em um projeto-piloto que começou em Santos e em São Vicente, localizadas no litoral paulista. E por mais que a empresa mal tenha desembarcado no Brasil, ela já está travando uma batalha judicial contra concorrentes do ramo.
A empresa denunciou tentativas de espionagem em restaurantes parceiros, afirmando que existem pessoas que se passam por funcionários e até utilizam crachás falsos, para tentar arrancar informações estratégicas. Segundo a denúncia, as tentativas de espionagem ocorreram em pelo menos oito estabelecimentos e foram registradas por câmeras de segurança. Ela foi registrada na 3ª Delegacia da Polícia Civil de Santos, que abriu um inquérito para investigar a possível tentativa de espionagem.
Notebooks sumidos e dados vazados também já foram assunto no 99Food e iFood
A acusação da Keeta já deixou todos em alerta, mas esse não é um caso exclusivo. A 99Food informou estar investigando internamente o desaparecimento de notebooks corporativos que continham dados internos sensíveis, desde planos de expansão até modelos de precificação.
O episódio lembra um outro caso envolvendo o iFood, que também denunciou abordagens suspeitas a seus funcionários pelo LinkedIn, considerada uma das maiores redes profissionais do mundo. Eles alegam que seus funcionários foram abordados por supostos consultores estrangeiros, que teriam marcado reuniões pagas para extrair informações confidenciais sobre logística, volume de vendas e movimentações dos concorrentes. A polícia chegou a cumprir um mandado de busca e apreensão contra um ex-funcionário da plataforma, suspeito de transferir dados de mais de 4 mil restaurantes para aparelhos pessoais.
Exclusividade com restaurantes e batalha das mochilas podem indicar práticas de sabotagem
A briga entre Keeta e 99Food também chegou na justiça devido a contratos de exclusividade. Em outubro, uma decisão judicial proibiu que a 99Food exigisse esse tipo de cláusula de redes que desejassem operar com a Keeta. A alegação é de que a empresa estaria usando antecipações milionárias, estimada em 900 milhões de reais, como moeda de troca para travar a concorrência.
O tema não é novo: o iFood também enfrenta críticas de restaurantes que tentaram romper exclusividades De acordo com os estabelecimentos, após o rompimento, eles notaram uma queda nas vendas e até desaparecerem dos resultados de busca. A plataforma, por outro lado, nega qualquer prática irregular.
E se você acha que não tem como piorar, calma, porque fica ainda pior. Nem as mochilas utilizadas pelos motoboys para realizar as entregas escaparam dessa briga. Muitos entregadores informaram que o iFood estaria oferecendo cupons e brindes para quem topasse trocar a mochila de outra empresa pela vermelha. O app incluiu até uma pergunta nas avaliações buscando saber qual mochila o entregador estava usando. A 99Food, por outro lado, prefere optar por conquistar espaço com eventos, influenciadores e os entregadores, com pacotes de incentivo de R$250 a cada 20 entregas.
Já a Keeta, como uma empresa chinesa “raiz”, aposta em tecnologia e inovação para chamar atenção, anunciando a distribuição de capacetes inteligentes para os entregadores do litoral paulista. Ele funciona por bluetooth e possui um chip interno que traz algumas funcionalidades muito úteis, como atender ligações com apenas um toque e voz que repassa a rota que deve ser seguida, sem a necessidade de olhar para o aparelho celular. No entanto, ele só funciona para os entregadores cadastrados na plataforma. O intuito é proporcionar segurança e agilizar o trabalho dos entregadores.
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