Os EUA tentaram desesperadamente estrangular a indústria chinesa de chips: levaram dois meses para voltar atrás

As restrições ao software necessário para fabricar chips foram suspensas. Mas o destino da China continua o mesmo

China aproveitou veto a importações para desenvolver sua própria indústria / Imagem: TSMC
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
victor-bianchin

Victor Bianchin

Redator
victor-bianchin

Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

915 publicaciones de Victor Bianchin

Existe um fator essencial para fabricar os melhores processadores do mundo: ter acesso ao software que permite projetá-los. E nesse ponto, pelo menos atualmente, a liderança continua sendo dos Estados Unidos por meio de três empresas: Siemens, Synopsys e Cadence. Desde maio, o governo Trump vem tentando puxar a corda com a China, usando esse software como arma. Mas a estratégia não deu muito certo.

No último dia 29 de maio, o Escritório de Indústria e Segurança do Departamento de Comércio dos EUA deu a ordem: estava proibida a exportação de software EDA para grupos chineses. Era um movimento que buscava frear o avanço incessante da China no setor de semicondutores, em um momento crucial em que o país liderado por Xi Jinping vem alcançando marcos importantes em seus processos litográficos, tanto atuais quanto futuros.

A China, que há décadas busca alcançar a autossuficiência tecnológica e reduzir sua dependência dos EUA, viu nessas novas restrições “a maior oportunidade de crescimento da história”, segundo algumas das principais figuras por trás das empresas chinesas de software EDA. Houve disparada nas ações, aposta nacional em um produto que vem sendo aprimorado há anos e até publicação no GitHub de alguns dos avanços que estavam obtendo nessa área.

Resultado: as restrições impostas à venda de software por Siemens, Cadence e Synopsys foram revogadas com efeito imediato, segundo o SCMP. Os três gigantes do setor podem retomar seus laços comerciais com a China, permitindo que sua cadeia de suprimentos volte a usar essas ferramentas cruciais.

O que vai acontecer agora

O fato de os Estados Unidos terem desbloqueado (pelo menos por enquanto) o uso de software EDA é um fôlego para a indústria chinesa de semicondutores. O país está perto de alcançar a capacidade de fabricar chips de 5 nm, embora continue enfrentando dificuldades para avançar nesse processo litográfico devido às proibições dos EUA e dos Países Baixos, que impedem a ASML de vender suas máquinas de fotolitografia de ultravioleta extremo (UVE) para clientes chineses. O acesso ao EDA americano será fundamental, mas não é a chave para o futuro do país.

Empyrean Technology, Primarius Technologies e Semitronix são os nomes a lembrar. Três gigantes chineses que querem enfrentar os três gigantes americanos, uma tarefa que não será fácil.

Juntas, Siemens, Synopsys e Cadence detêm cerca de 80% do mercado global nesse setor. Elas dominam praticamente todo o mercado de EDA e são um dos principais pilares estratégicos da indústria de design de semicondutores.

São números que não permitirão à China se aproximar no curto prazo, mas também não a afastarão de seu destino inevitável: liderar a indústria de semicondutores, mais cedo ou mais tarde.

Imagem | TSMC

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

Inicio