O CEO da NVIDIA tem uma missão: conseguir que os EUA permitam que ele venda seus chips na China. Nas últimas semanas, Huang tem aproveitado cada microfone que colocam diante dele para alertar sobre os perigos desse bloqueio. Seu argumento é que, se a China não tiver acesso aos chips da NVIDIA, então fabricará os seus próprios e criará uma nova rota da seda com a IA, ampliando assim sua influência pelo mundo.
A NVIDIA é um ator-chave no desenvolvimento da IA devido à superioridade de seus chips, o que, por sua vez, a coloca no centro da guerra comercial e tecnológica com a China. Em linhas gerais, esta é a sucessão de eventos:
- Os EUA proibiram a venda de chips da NVIDIA para a China, mas, recentemente, Jensen Huang conseguiu o impossível: convencer Trump a permitir a venda do chip H20.
- A reação da China não foi a esperada: a desconfiança gerada e o fato de que se tratava do chip mais básico, e não do mais potente, fizeram com que a China priorizasse o uso de chips nacionais.
- A NVIDIA continua sem poder vender suas GPUs mais potentes, que são as H200 e B200 (embora haja empresas que conseguem encontrar atalhos).
A rota da IA
O CEO da NVIDIA esteve em Washington e aproveitou sua visita para criticar a decisão dos EUA de continuar bloqueando a venda de seus chips mais potentes. Huang afirmou que, ao bloquear a NVIDIA, os EUA “cederam, essencialmente, o segundo maior mercado de IA”, segundo o Nikkei Asia. De acordo com sua lógica, a decisão abriu espaço para que a China desenvolva sua própria tecnologia e a espalhe pelo mundo, ampliando sua influência além de suas fronteiras.
Huang fez referência ao “cinturão econômico da rota da seda”, conceito que diz respeito à estratégia de desenvolvimento de infraestrutura global impulsionada pelo governo chinês em 2013. Em outras palavras, uma nova rota da seda, mas com a tecnologia como produto. Graças a essa iniciativa, a Huawei conseguiu expandir seu 5G pelo mundo, e Huang teme que agora façam o mesmo com a IA. “Sem dúvida, eles vão difundir a tecnologia chinesa o mais rápido possível, porque entendem que, quanto antes chegarem, mais cedo construirão seu ecossistema”, afirmou.
A Huawei é a empresa que tem mais chances de criar alternativas à tecnologia da NVIDIA. Jensen Huang disse que “é uma das empresas de tecnologia mais formidáveis que o mundo já viu. Competimos com eles (...) Eles são ágeis. Movem-se em uma velocidade incrível”. A Huawei já está tentando desenvolver tecnologias potentes para a IA, embora ainda não tenha alcançado a NVIDIA, mas parece que Huang vê esse momento muito próximo.
Energia nuclear
A energia se tornou o ponto de estrangulamento da IA. Os centros de dados consomem uma quantidade enorme de eletricidade, ponto em que a China leva vantagem, pois tem uma infraestrutura mais robusta — além disso, o governo subsidia esse recurso.
Há pouco tempo, o CEO da NVIDIA chamou atenção para essa situação e afirmou que “a China vai vencer a corrida da IA” devido a esses subsídios. Agora, ele afirma que os EUA deveriam “usar todas as formas de energia” que puderem e que o governo “deveria tentar acelerar o desenvolvimento da energia nuclear”.
É inegável que existe uma corrida tecnológica pelo domínio da IA, mas esse discurso fatalista de Jensen Huang fica mais claro se levarmos em conta que ele é o CEO de uma empresa — e o que lhe interessa é vender mais produtos. A China não é apenas o competidor dos EUA, também é um dos maiores mercados do mundo.
Imagem | Wikipedia, Gary Lerude em Flickr
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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