A NVIDIA está no centro da guerra tecnológica entre a China e os Estados Unidos. Após o embargo, os EUA permitiram que a empresa vendesse uma versão de seus chips H2O especificamente para o mercado chinês, mas os chips mais poderosos, os chips Blackwell, continuam proibidos na China. Ou pelo menos era o que pensávamos.
O que está acontecendo?
Donald Trump deixou bem claro que não quer que a China tenha acesso aos chips Blackwell, mas, apesar do embargo, uma investigação do Wall Street Journal mostra como empresas chinesas estão se beneficiando do poder computacional desses chips, explorando brechas legais.
O processo
A investigação detalha o processo pelo qual os chips Blackwell da NVIDIA passam até que a INF Tech, uma startup de Xangai, utilize seu poder computacional.
- A NVIDIA vende seus chips para a Aivres: a Aivres é uma empresa do Vale do Silício parcialmente controlada pela Inspur, uma empresa chinesa que está na lista negra dos EUA. A NVIDIA não podia fazer negócios com a Inspur ou seus parceiros, mas o embargo não afeta parceiros sediados nos EUA, como é o caso da Aivres;
- Aivres vende os chips para a Indonésia: especificamente para uma provedora de comunicações indonésia chamada Indosat Ooredo Hutchison. O negócio inclui a venda de 32 racks NVIDIA GB200 com 72 chips Blackwell cada; mais de 2.300 chips no valor de US$ 100 milhões (cerca de R$ 533,5 milhões);
- A Indonésia vende o poder computacional para a China: o cliente final desse poder de computação em nuvem é a INF Tech, que o utilizará para treinar IA em aplicações de pesquisa financeira e médica. Este ponto é fundamental, como veremos adiante.
Por que isso importa
A investigação questiona a verdadeira eficácia das sanções e regulamentações dos EUA. Ao usar intermediários em outros países, empresas chinesas podem contornar restrições e acessar os chips mais poderosos, tudo sem violar as sanções.
Brechas
De acordo com os controles do governo Trump, o negócio é legal, desde que a INF Tech não use os chips para auxiliar o governo em aplicações de inteligência militar ou para desenvolver armas. No entanto, é difícil saber para que está sendo usado de fato, e, na verdade, há suspeitas nos EUA de que o governo chinês esteja contando com o setor privado para aprimorar sua tecnologia militar.
Discordância
Se existe uma brecha, o lógico seria fechá-la. O governo Biden tentou endurecer essas regulamentações para impedir a venda de chips para países que não sejam aliados próximos dos EUA. Isso teria impedido a venda para a empresa indonésia, mas quando Trump retornou ao poder, decidiu não prosseguir com essas novas regulamentações. Em vez de o governo controlar, deveriam ser as próprias empresas.
Interesses
As restrições dos EUA visam reduzir a vantagem da China na corrida tecnológica da IA, tudo por razões de "segurança nacional". É contraditório que deixem essas brechas abertas, permitindo que esses chips passem legalmente pelo país. A NVIDIA parece achar isso perfeitamente aceitável.
Em declarações ao Wall Street Journal, um porta-voz da empresa apoiou a decisão de Trump, afirmando que "os controles de Biden custaram dezenas de bilhões aos contribuintes, sufocaram a inovação e cederam terreno a rivais estrangeiros".
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