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Se você está cansado de ver Pedro Pascal até na sopa, não está sozinho: é isso que o modelo de saturação de Hollywood busca

Não culpe Pedro (e nem o agente dele), e sim o sistema

Pedro Pascal está em todos os lugares, mas não é culpa dele / Imagem: Disney
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Victor Bianchin

Redator
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Conhecemos essa sensação: Pedro Pascal parece estar aparecendo em todos os filmes do mundo. Pelo menos em todos os importantes: você acabou de vê-lo em The Last of Us e ele já está em Quarteto Fantástico. E, em breve, no filme de The Mandalorian. E o pior não é que ele apareça em filmes e séries, mas que ele surge continuamente na internet: microvídeos, comerciais, entrevistas, conteúdos virais. E, paradoxalmente, a culpa não é dele, mas de como Hollywood funciona atualmente.

Um homem ocupado

Reconheçamos que Pascal é um verdadeiro trabalhador incansável da atuação e, desde que se destacou em Narcos, não parou de acumular papéis importantes: a partir de 2019, The Mandalorian (embora seu rosto não fosse mostrado), três séries em 2021, The Last of Us desde 2023. No cinema, três filmes em 2022, cinco em 2024 (um deles o sucesso Gladiador II), três em 2025 (o novo de Ari Aster, o muito comentado Materialistas e o já mencionado Quarteto Fantástico). Para 2026, pelo menos, ele tem previstas participações nas franquias de Star Wars e Marvel.

A carreira de Pascal vive um efeito de “estrela global” por estar presente nessas três grandes franquias do momento (Marvel, Star Wars e The Last of Us). Assim, ele se tornou um dos rostos mais reconhecíveis e populares da indústria, e isso não é fruto do acaso, mas de uma combinação de talento indiscutível e carisma natural. Ele é visto como um ator capaz de se conectar com o público tanto na tela quanto fora dela (por isso também o vemos em comerciais como o da Apple dirigido por Spike Jonze). Seu senso de humor gera uma empatia genuína, contribuindo para uma imagem próxima e acessível.

Enquanto isso, Hollywood está imersa em um modelo de produção que tenta reduzir os riscos financeiros eliminando qualquer vestígio de experimentação. Os enormes custos de produção obrigam os grandes estúdios a focar em franquias já estabelecidas, algo que a bilheteria confirma com resultados tão claros quanto os do ano passado, quando os dez filmes mais assistidos foram todos sequências, remakes ou derivados. Por isso, atores como Pedro Pascal se tornam onipresentes: eles interpretam personagens nesses universos e ganham enorme visibilidade ao se tornarem peças-chave.

Lógicas de saturação

A promoção dessas franquias evoluiu para um modelo de presença constante em todos os canais. Os estúdios usam estratégias agressivas (entrevistas fragmentadas, lançamentos escalonados de conteúdo, atividade incessante nas redes sociais como TikTok, Instagram e YouTube) que fazem o público sentir que está recebendo estímulos relacionados às franquias o tempo todo. Os maiores prejudicados são atores como Pedro Pascal, que dão a sensação de aparecer em todos os lugares, mas sem poder controlar essa frequência.

Paralelamente à lógica de maximizar a exposição da propriedade intelectual (IP) para mantê-la viva, existe outro fenômeno: não há renovação geracional entre os atores. Claro que há atores jovens novos, mas muitos deles deixam a indústria por falta de oportunidades. A política de austeridade pós-pandemia impede que vivamos fenômenos como os das décadas de 80, 90 ou início dos anos 2000, quando muitos atores jovens lideravam cada geração. Como afirma um produtor neste artigo do The Hollywood Reporter: “Hollywood passou muito tempo fazendo com que as franquias fossem as estrelas, em vez de construir a próxima geração de talentos. Não incentivamos os roteiristas a criar veículos que gerem estrelas”.

A falta de risco por parte das produtoras também afeta essa questão: elas querem elencos cheios de valores seguros, sem espaço para dúvidas. Sempre os mesmos, sempre Pedro Pascal.

Imagem | Disney

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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