Quando a Covid-19 foi classificada pela Organização Pan-Americana de Saúde como uma pandemia, em 11 de março de 2020, as incertezas, medo e apreensões giravam em torno da doença. Naquela época, tudo o que o mundo mais queria era uma vacina eficiente na proteção da Covid. Mas até ela de fato ser criada e disponibilizada, demorou um certo tempo. No Mundo, a vacinação contra a covid teve início em dezembro de 2019, enquanto no Brasil, começou em janeiro de 2021. A vacinação contra a Covid-19 foi um sucesso, evitando hospitalizações e mortes do caso. O que ninguém esperava, contudo, é que a vacina contra a covid fosse trazer um efeito inesperado em pacientes diagnosticados com câncer.
Vacina contra covid pode ampliar resposta do corpo contra o câncer, aponta estudo da Nature
Um estudo publicado na revista Nature revelou que pacientes com câncer de pele e de pulmão vacinados contra a Covid-19 apresentaram maior tempo de sobrevivência do que aqueles que não receberam o imunizante. Para isso, eles analisaram os registros médicos de mais de mil pessoas com câncer de pulmão e melanoma. Com isso, os pesquisadores concluíram que as vacinas de mRNA, além de proteger contra o coronavírus, ativam um alerta no sistema imunológico, fortalecendo a resposta do organismo durante o tratamento contra o cancêr, com inibidores de checkpoint, medicamentos que estimulam as defesas do corpo a atacar células tumorais.
Mas como isso acontece? De acordo com o estudo, o efeito não se deve à proteção contra o coronavírus, mas à capacidade das vacinas de mRNA, aquelas usadas para combater o covid, de estimular o sistema imunológico, tornando as terapias com inibidores de checkpoint mais eficazes. Esses medicamentos liberam as defesas do corpo para atacar células tumorais, mas costumam falhar em metade dos casos. Com a vacinação, porém, o sistema de defesa ganha um impulso adicional, agindo de forma mais intensa contra o câncer.
Resultados indicam que momento da vacinação pode influenciar no sucesso do tratamento
De acordo com o levantamento, os efeitos positivos foram mais expressivos entre pacientes que receberam a vacina até 100 dias após o início da terapia. Nesse grupo, o tempo médio de vida foi significativamente maior, vivendo, em média, 37 meses, quase o dobro em comparação aos não vacinados, que tiveram sobrevida de 21 meses. O efeito foi ainda mais significativo entre os que tinham tumores menos responsivos a tratamentos convencionais.
Agora, os cientistas pretendem testar a hipótese em novos ensaios clínicos, para entender se vacinar antes ou logo após o início do tratamento pode potencializar a ação contra o câncer.
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