Sofia Bedeschi
RedatoraJornalista com mais de 5 anos de experiência, gamer desde os 6 e criadora de comunidades desde os tempos do fã-clube da Beyoncé. Hoje, lidero uma rede gigante de mulheres apaixonadas por e-Sports. Amo escrever, pesquisar, criar narrativas que fazem sentido e perguntar “por quê?” até achar uma resposta boa (ou abrir mais perguntas ainda).
Tudo começou, como sempre acontece na internet, com um usuário nas redes sociais levantando uma bandeira inalcançável para os demais — um topo impossível: uma IA faz algo melhor e mais rápido que todo mundo.
Só que, dessa vez, pegou em cheio. As hordas de speedrunners do Photoshop estavam prontas para defender o talento humano, mesmo que fosse em algo aparentemente tão inútil quanto pintar a gema de um ovo.
Ovos azuis: origens
O fenômeno começou em 11 de agosto de 2025, quando o usuário do X @multimodalart promoveu o gerador de imagens por IA da Alibaba, o Qwen-Image, destacando que pouquíssimos modelos eram capazes de criar, por exemplo, um ovo frito com gema azul.
O motivo é que esses modelos aprendem a partir de padrões de imagens reais, ou seja, ovos com gemas sempre amarelas ou alaranjadas. Isso dificulta a geração de imagens que fogem desse padrão visual.
A primeira resposta, que já resume todo o rumo da conversa e que vamos poupar de traduzir ao pé da letra: "You can do that in Photoshop you retard".
Começam os recordes mundiais
A primeira resposta viral veio rápido. O usuário @IsThisA3DModel tuitou que dava para fazer isso no Photoshop em 30 segundos.
Foi aí que começaram as demonstrações. O perfil @c_over_d_eq_pi fez em apenas cinco segundos, e ele mesmo continuou aprimorando a técnica até chegar a impressionantes 0,12 segundos.
Mas a competição estava só começando. Como todo bom meme do tipo "DOOM rodando em lugares bizarros", logo surgiram versões da proeza sendo feitas em ferramentas bem mais simples do que o Photoshop.
Avalanche de ovos
Quando o usuário do X @ceee convidou pessoas sem experiência em edição a participarem do desafio, começaram a aparecer speedrunners usando ferramentas muito mais simples e acessíveis do que o Photoshop.
Por exemplo, @paintaya conseguiu resultados supercompetentes usando apenas um editor de imagens no celular. Já @v2tism fez com o Clip Studio Paint e revelou o segredo: literalmente dá para fazer isso com qualquer ferramenta que permita edição por camadas.
O que está por trás disso tudo
O desafio da gema azul é mais do que uma treta simpática — e vale dizer que ninguém passou do ponto. Ele virou um termômetro perfeito sobre como a internet enxerga os avanços atuais das ferramentas de edição de imagem com IA.
O embate mostrou, com um tom irônico e descontraído, que talvez os entusiastas da inteligência artificial estejam supervalorizando suas capacidades. Como disse um dos participantes da discussão: talvez o mais curioso não seja o fato de que agora a IA consiga pintar uma gema de azul, e sim que até agora não conseguia — mesmo com tanta promessa de revolução.
No fim das contas, isso nos dá boas pistas sobre as limitações reais da IA hoje.
Um debate que já vem de longe
As capacidades absolutamente impressionantes de novas ferramentas, como a Nano Banana, do Google, que permite fazer edições superavançadas a partir de comandos simples (e sim, testamos: com um simples "pinte de azul a gema deste ovo", o resultado fica impecável), mantêm o debate vivo.
A questão já não é mais se a IA entende ou não o conceito da gema azul. Agora o que está em jogo é se realmente precisamos substituir todo tipo de trabalho manual, artesanal e tradicional por soluções automáticas.
É um debate que está longe de acabar.
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