Embora estes últimos anos tenham sido especialmente cruéis para muitos desenvolvedores de videogames, sempre se disse que este é um mundo difícil em que poucos conseguem alcançar o sucesso merecido. Infelizmente, hoje não vou falar de um desses casos de sucesso, mas exatamente o contrário, pois o notável jogo Eriksholm: The Stolen Dream está enfrentando a dura realidade, registrando na Steam, pelo menos por enquanto, números extremamente baixos para seus altos valores de produção.
Você pode perguntar a qualquer pessoa do seu círculo de confiança no mundo dos games, e é bem provável que ela nem sequer saiba o que é Eriksholm. E esse é o grande problema que esse jogo de stealth enfrenta: ninguém o conhece… e, pior ainda, ninguém o joga. Tudo isso apesar de ter 93% de avaliações positivas na Steam e também contar com o respaldo da imprensa especializada, embora de forma menos entusiástica (gira em torno de 80% no Metacritic). Os números são preocupantes.
De acordo com dados do SteamDB, o jogo nem sequer bateu os 500 jogadores simultâneos nos horários de pico durante sua semana de lançamento. E esses dados são desastrosos. Shadow Gambit, por exemplo, teve 3.930 jogadores simultâneos e o estúdio acabou fechando as portas diante das poucas perspectivas de futuro. Outros lançamentos recentes, como Commandos Origins, também não tiveram bons números, mas ao menos alcançaram 2.296 jogadores simultâneos.
Um jogo com altos valores de produção
Chama atenção o quão bem feito Eriksholm é, considerando que se destina, a princípio, a um público tão restrito. Quando falo sobre isso com meu colega Alejandro Pascual, fã do gênero e autor do review de Eriksholm, sua resposta é clara. “O problema são justamente os valores de produção [...] Este jogo, com esse visual e suas cenas cinematográficas, deve ter tido um investimento alto para um gênero que, infelizmente, é de nicho”.
Em outras circunstâncias, e com um acabamento menos premium, “qualquer desenvolvedor pequeno mataria por ter 300 avaliações no lançamento no Steam”, como é o caso. Mas Eriksholm é diferente. “Cada vez que um jogo desse estilo chega com gráficos impressionantes, isso é um presente” para os jogadores, mas também um problema para seus criadores, “pois é difícil que se pague”. E, no fim, conclui, “nós, fãs, teríamos comprado do mesmo jeito se fosse em um 2D mais básico”.

Obviamente, seu poderoso aspecto gráfico é um bom atrativo para chamar a atenção daqueles que, a princípio, não prestam atenção a esse tipo de jogo. O que falhou aqui? Como destaca meu colega da Gamestar, o jogo praticamente não teve uma promoção digna que o fizesse conhecido pelo público fora do mundo do stealth. “Seu lançamento foi silencioso; não houve campanha publicitária nem colaborações com os principais streamers”, diz Peter Bathge. “É incrivelmente difícil que títulos pequenos sem uma campanha de marketing massiva consigam chamar atenção”.
Uma opção teria sido aparecer no Game Pass, pois ao menos Eriksholm teria contado com um público-alvo muito maior, que poderia tê-lo experimentado sem desembolsar dinheiro. E isso sendo que é um jogo relativamente barato (R$ 125), mas talvez não o suficiente, já que é também curto (cerca de 12 horas) e com baixa rejogabilidade.
Resta ver como será seu desempenho nos consoles e se, com o boca a boca, Eriksholm consegue ir aumentando sua base de jogadores até alcançar o suficiente para que seus criadores recuperem o investimento.
Este texto foi traduzido/adaptado do site 3D Juegos.
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