O que as irmãs Wachowski levaram para as telas em 1999 mudou para sempre a ficção científica. Matrix se tornou imediatamente um ícone do gênero, misturando filosofia e ação em uma combinação absolutamente alucinante. Desde os primeiros minutos, o filme surpreendeu o público com seus efeitos visuais revolucionários — como a famosa chuva de código verde que escorre pela tela.
Mas, afinal, o que exatamente aquele código mostra?
Em 2017, Simon Whiteley revelou que foi ele o responsável por criar essa icônica sequência, depois que as diretoras rejeitaram o design inicial. Diante do desafio, Whiteley precisou repensar completamente o conceito, focando em uma estética que remetesse ao universo asiático.
“As Wachowski sentiram que o design inicial não era tradicional o suficiente, nem tinha aquele toque antigo que elas queriam. Elas queriam algo mais japonês, no estilo dos mangás. Me perguntaram se eu queria tentar recriar o código, principalmente porque minha esposa é japonesa e poderia me ajudar a entender os caracteres, além de me dizer quais seriam apropriados e quais não”, contou Whiteley.
De volta para casa, ele vasculhou a estante de livros de sua esposa e encontrou uma coleção de livros de receitas japonesas que o inspiraram. Nas semanas seguintes, sua missão foi pintar à mão cada um dos caracteres, que depois foram digitalizados para criar a icônica cascata de códigos que escorrem pela tela em The Matrix.
Whiteley também confessou que, no início, os caracteres se moviam da esquerda para a direita, mas ele percebeu que isso "não despertava nenhuma emoção". Foi então que decidiu inverter o movimento, criando o efeito que todos conhecemos.
"O filme é muito focado em máquinas. Eu adoro a ideia de que ele trate de algo tão mecânico, mas que o próprio código tenha suas raízes em algo tão orgânico e fluido", explicou o artista em entrevista à Wired.
A única coisa que ainda não sabemos é exatamente qual livro Whiteley usou como fonte, mas ele faz questão de manter esse segredo. "Eu evitei contar às pessoas qual é o livro de receitas, em parte porque é o último pedacinho de magia. Na verdade, não é exatamente um livro. É uma revista, embora seja chamada de 'livro'. É algo que a maioria dos japoneses reconheceria ou teria em sua estante", revelou o designer.
Além disso, mesmo quem domina o japonês não conseguiria decifrar as receitas apenas assistindo The Matrix, já que o código foi digitalizado e distorcido para se tornar praticamente ilegível. Para complicar ainda mais, as receitas de sushi costumam ser escritas em hiragana e kanji, enquanto o filme usa katakana, um silabário reservado principalmente para palavras estrangeiras.
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