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Governo francês quer proibir o uso de telas por crianças com menos de três anos, tanto em casa quanto na escola

Telas e primeira infância: um alerta que não deve ser ignorado

Proposta é respaldada por diversos estudos científicos e pelas recomendações de pediatras / Imagem: charlesdeluvio (Unsplash)
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

A geração beta, composta pelas crianças nascidas a partir de 2025, pode ter uma infância mais parecida com a dos anos 1950 do que com a das gerações anteriores no que diz respeito à interação com as telas. A ideia é não repetir os erros cometidos com a geração Alpha, especialmente no que se refere ao uso de dispositivos eletrônicos.

Para isso, o governo francês já vem tentando impor um freio significativo: proibição nas escolas, redes sociais só a partir dos 15 anos e, agora, o alvo são todas as telas — pelo menos para crianças menores de 3 anos.

Vale lembrar que pesquisas médicas apontam efeitos preocupantes associados à exposição precoce às telas. Estudos mostram que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos por crianças com menos de três anos pode levar a atrasos no desenvolvimento da linguagem, distúrbios do sono e redução da capacidade de atenção.

Esses efeitos se explicam principalmente porque as telas substituem atividades essenciais, como brincadeiras físicas, leitura ou interações sociais diretas — todas fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças pequenas.

Por exemplo, casos observados em creches e berçários revelaram que crianças expostas regularmente às telas interagem menos com os colegas e apresentam dificuldades para participar de brincadeiras que exigem imaginação e criatividade.

Medidas para regulamentar o uso das telas

Diante desses dados alarmantes, o governo francês estuda intervir com medidas regulatórias. Uma nova proposta de lei, iniciativa da ministra da Saúde Catherine Vautrin, pretende proibir o uso de telas por crianças com menos de três anos, tanto em casa quanto em ambientes escolares. Sim, até mesmo em casa. A proposta é respaldada por diversos estudos científicos e pelas recomendações de pediatras, que insistem na necessidade de adiar o contato precoce das crianças com as telas.

O objetivo da legislação é incentivar um ambiente mais saudável para o desenvolvimento infantil. A comissão encarregada da questão das telas recomenda atividades que estimulem a imaginação e promovam as interações sociais. Nas escolas, isso poderia significar um retorno a práticas pedagógicas baseadas em experiências sensoriais e aprendizado por meio do brincar — métodos que já demonstraram sua eficácia muito antes da era digital.

A comissão vai além e desaconselha o uso de telas até os 6 anos ou, no mínimo, recomenda um uso limitado e supervisionado; nada de celular antes dos 11 anos, nada de smartphone com internet antes dos 13 e nada de redes sociais antes dos 15 anos.

Vou pedir que nenhuma criança seja exposta a telas entre 0 e 3 anos. Onde? Em todos os lugares, inclusive em casa. E então você vai me dizer: vocês não estão dentro das casas das pessoas para fiscalizar. Concordo, mas essa é uma forma de dar referências aos pais.

Claro, será difícil garantir a aplicação de uma lei assim. Como disse Catherine Vautrin ao microfone da France Inter: “Não se trata de colocar policiais dentro da casa das pessoas”. Trata-se mais de conscientizar os pais e dar uma resposta clara a essa grande questão das telas.

Imagem: charlesdeluvio (Unsplash)

Este texto foi traduzido/adaptado do site JV Tech.

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