Botão do retrovisor quebrou e a assistência técnica oficial queria R$ 73 mil para trocar; uma oficina local consertou por uma cerveja

Às vezes, seu mecânico de confiança é muito mais barato e eficiente do que usar a solução autorizada

Bugatti Veyron é carro de luxo que exige revisão de luxo também / Imagem: Bugatti, Moore Money Secrets
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Para muitos entusiastas, ter um Bugatti Veyron é um sonho. O problema maior não são nem os R$ 13 milhões que ele custa (no mínimo), e sim o valor de manutenção dessa obra de arte, que deixou de ser fabricada em 2015. As oficinas oficiais das marcas são conhecidas por cobrar peças de reposição e mão de obra a preço de ouro, mas a Bugatti se supera. Uma simples troca de óleo pode custar tanto quanto um SEAT Ibiza, e trocar o botão de ajuste dos retrovisores sai quase pelo preço de um Dacia Sandero novo.

Não é um pouco exagerado? Talvez sim. Ou pelo menos foi o que pensou o britânico Carl Hartley. Uma oficina independente consertou um pequeno defeito em seu Veyron pelo qual a marca queria cobrar 9.500 libras esterlinas (R$ 73 mil). Essa oficina fez o serviço por um preço tão baixo que ficou até com vergonha de cobrar e se contentou com uma cerveja.

Um conserto 11 mil vezes mais barato que na oficina oficial

Quando falamos de um carro que custa vários milhões de euros, é lógico que sua manutenção não seja tão acessível quanto a de um modelo de uma marca popular. No entanto, o Bugatti Veyron tem custos de manutenção astronômicos.

A marca francesa recomenda uma revisão anual para que o carro funcione perfeitamente. Esse serviço inclui a substituição do óleo e de todos os filtros do motor, a troca dos filtros dos diferenciais dianteiro e traseiro, além da revisão da caixa de câmbio. No total, essa revisão requer 18 litros de óleo e muitas horas de mão de obra.

Bugatti

O preço do óleo pode parecer alto, mas são os filtros e o tempo gasto neles que realmente fazem a conta subir. Um único filtro da caixa de câmbio já custa quase 1.000 euros (R$ 6.500). Para a transmissão, o filtro custa três vezes mais. E para trocar os filtros de ar, é necessário desmontar completamente a parte traseira do Bugatti.

No entanto, a verdadeira razão para o preço absurdo é o tempo necessário. Uma revisão completa de um Bugatti Veyron exige 27 horas de mão de obra, cobradas de acordo com as tarifas da Bugatti. No total, uma revisão anual pode custar quase 25 mil euros (R$ 162 mil).

São valores elevados e, embora para a maioria dos donos de um Veyron essas cifras sejam toleráveis, às vezes é impossível não pensar que talvez haja um certo abuso nos preços. Foi essa a impressão que teve Carl Hartley, filho do maior revendedor de carros de luxo do Reino Unido e ele próprio um bem-sucedido revendedor, junto com seu irmão Tom Hartley Jr.

Carl possuía um Bugatti Veyron e, aproveitando que o havia levado para uma revisão completa — que, segundo ele, ia custar cerca de 40 mil libras esterlinas (R$ 260 mil) —, pediu também que verificassem o botão que permite ajustar os espelhos retrovisores do carro. Não estava quebrado, mas apresentava uma pequena folga.

Na Bugatti, pediram 9.500 libras esterlinas para trocar o botão, cerca de R$ 73 mil. Disseram que seria necessário trocar todo o mecanismo e desmontar metade da porta para realizar o serviço, segundo teria explicado a oficina oficial. Ele não gostou do orçamento e muito menos da justificativa. Por isso, levou o carro a uma oficina independente com a qual trabalha ocasionalmente nos carros da sua revenda.

Deixou o Veyron lá por alguns dias e, quando voltou, já estava consertado, sem que tivessem passado qualquer orçamento ou fatura. A verdade é que o conserto foi extremamente barato e bastou apenas trocar o botão.

“Não foi fácil. Encontrei a peça, mas só a vendiam em pacotes de cinco. Me custou 89 pence [R$ 6,83]”, contou Neil, o responsável pela oficina.

Ao que parece, o botão é idêntico ao de um Volkswagen Transporter. Vale lembrar que a Bugatti pertenceu ao Grupo Volkswagen — foi o grande projeto de Ferdinand Piëch — e os carros de todas as suas marcas compartilham diversos componentes.

“Levei 25 minutos para trocar, então me deve uma cerveja”, acrescentou Neil. “Nunca mais levo meu carro na Bugatti”, pensou Carl Hartley.

Imagens | Bugatti, Moore Money Secrets

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