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As empresas de IA acabaram de enfrentar um desafio inesperado: as seguradoras começaram a virar as costas para elas

  • Gigantes da IA ​​enfrentam processos judiciais e as seguradoras estão começando a recuar;

  • O medo de grandes falhas está dificultando a cobertura desses riscos;

  • A OpenAI e outras empresas estão buscando maneiras de se proteger

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Fabrício Mainenti

Redator

Desde o final de 2022, temos testemunhado a revolução da inteligência artificial em primeira mão. O lançamento do ChatGPT inaugurou um período de investimentos e expectativas que elevou players como a NVIDIA e colocou a OpenAI entre as startups mais influentes. Mas toda revolução tem um lado negativo. À medida que a IA avança, também avança a lista de processos judiciais e a pergunta que ninguém pode evitar: quem assume o risco quando algo dá errado?

Nos Estados Unidos, todo avanço tecnológico é acompanhado por uma avalanche de processos judiciais. Não é apenas um hábito: faz parte do sistema. Se uma empresa faz algo que gera lucro, mas também pode causar danos, mais cedo ou mais tarde alguém a levará aos tribunais. E é para isso que serve o seguro: transformar o risco futuro em um custo presente. O modelo funciona há décadas, mas a inteligência artificial está começando a testá-lo como nenhum outro setor antes.

Casos que são urgentes agora

A OpenAI e a Anthropic foram as primeiras a ver o quão alto o risco pode ser. A primeira enfrenta processos judiciais por usar obras protegidas por direitos autorais para treinar modelos e um processo de responsabilidade civil após o suicídio de um adolescente. Em ambos os casos, os custos não são apenas milionários: eles dão o tom para um litígio que ameaça se espalhar por toda a indústria.

Quais apólices cobrem atualmente

Por enquanto, as gigantes da IA ​​operam com apólices convencionais, semelhantes às de qualquer empresa de tecnologia. De acordo com o Financial Times, a OpenAI contratou a Aon para projetar uma cobertura de cerca de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão), embora nem todos os envolvidos confirmem esse valor. É uma quantia significativa, mas insignificante em comparação com potenciais reivindicações de bilhões. Na prática, as seguradoras reconhecem que o setor ainda carece de "capacidade suficiente" para proteger provedores de modelos em larga escala.

Por que estão recuando?

O jornal mencionado observa que a Aon se recusou a comentar sobre empresas específicas, embora seu chefe de segurança cibernética, Kevin Kalinich, tenha admitido que elas não têm capacidade suficiente para cobrir provedores de modelos. Ele também explicou que as seguradoras temem que uma falha de uma empresa de IA possa se tornar um "risco sistêmico, correlacionado e agregado".

Plano B: auto assegurar-se

Com as seguradoras recuando, as empresas de IA buscam refúgio em si mesmas. Aparentemente, a OpenAI está considerando reservar fundos de investidores ou até mesmo criar um fundo cativo — uma espécie de seguradora interna que serve para cobrir riscos internos quando o mercado não o faz. A Anthropic já fez isso: destinou parte de seu capital a um acordo de US$ 1,5 bilhão (aproximadamente R$ 8 bilhões) com os escritores. Essas são soluções que dão tempo, mas não garantem estabilidade caso a próxima decisão judicial desencadeie um aumento nas indenizações.

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O que está mudando para o restante do setor?

O impacto vai além da OpenAI ou da Anthropic. Startups e provedores menores já estão percebendo aumento nos prêmios, redução na cobertura e prazos de lançamento estendidos devido a requisitos legais. A incerteza jurídica tornou-se outro custo fixo. Na ausência de uma fórmula clara para mensurar os riscos da IA, as seguradoras os tratam como potencialmente catastróficos. E isso aumenta o custo de cada experimento, cada novo modelo e cada linha de código.

O que observar daqui para frente

Os próximos meses serão cruciais para ver se o setor de seguros consegue se adaptar. O Financial Times aponta novas fórmulas para cobrir erros em chatbots e conteúdo gerado por IA, embora sejam testes limitados por enquanto. As empresas, por sua vez, estão preparando sua próxima defesa: diversificar fundos e fortalecer estruturas internas.

O setor de inteligência artificial não parou, nem parece provável que pare. Mas sua expansão está começando a se aproximar dos limites de um sistema que ainda não sabe como mensurar esses riscos. As seguradoras estão agindo com cautela, os reguladores estão observando de fora e as empresas são forçadas a improvisar em certos casos.

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