Laura Vieira
RedatoraJornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.
O uso de inteligência artificial nas indústrias brasileiras no ano de 2024 mais que dobrou, apresentando um salto de 163% em dois anos, segundo dados da PINTEC Semestral, um projeto experimental do IBGE que coleta dados sobre inovação em empresas industriais do país. Em 2024, 41,9% das empresas já utilizavam a tecnologia em seus processos, contra apenas 16,9% em 2022. O estudo mostra que a digitalização se consolidou no setor industrial, mas ainda enfrenta alguns desafios no percurso, como altos custos, falta de profissionais qualificados e riscos relacionados principalmente à segurança.
Inteligência artificial ganha espaço e está presente em quase metade da indústria brasileira
A inteligência artificial está mudando de forma expressiva o trabalho nas indústrias brasileiras. Pelo menos é isso que afirma os dados da PINTEC, levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Para o levantamento desses dados, foram ouvidas cerca de 10,1 mil empresas, sendo que 9.054 afirmaram utilizar em seus processos de trabalho tecnologias digitais avançadas. Além da inteligência artificial, destaca-se a Análise de Big Data, um processo que investiga conjuntos de dados volumosos; Computação em Nuvem, uma oferta de recursos de TI pela internet, como servidores, banco de dados e softwares; Internet das Coisas (IoT), uma tecnologia que permite conectar dispositivos do cotidiano à Internet e computadores; Manufatura Aditiva e Robótica.
Em relação à inteligência artificial, o grande destaque da edição do PINTEC 2024, cerca de 41,9% das empresas industriais brasileiras afirmaram utilizar a ferramenta em seu cotidiano, quase metade dos analisados. Para se ter uma ideia de comparação, em 2022, esse número era de 16,9%, representando o aumento de 163%. Segundo o gerente de pesquisas temáticas do IBGE, Flávio José Marques Peixoto, esse aumento está associado ao maior uso das IAs generativas, como o ChatGPT, que cria conteúdos de textos e imagens com base no comando dos usuários, auxiliando a produção.
Veja quais são os benefícios da IA no mercado de trabalho: eficiência, flexibilidade e novos produtos
O aumento expressivo da inteligência artificial nas empresas industriais brasileiras não é à toa. Afinal, de acordo com o levantamento, a IA pode trazer uma série de benefícios nos processos de trabalho. É por isso que muitas empresas adotaram esse modelo produtivo em suas produções. Dentre as áreas que mais aplicaram essa tecnologia em seus processos, destaca-se a administração, representando cerca de 87,9%, e comercialização, com 75,2%. Além disso, uma outra característica foi observada no levantamento: as empresas que possuem mais de 500 funcionários são as que mais utilizam esse tipo de tecnologia. A seguir, veja quais foram os principais benefícios apontados pelas empresas:
- Aumento da eficiência: 90,3%
- Maior flexibilidade: 89,5%
- Melhoria no relacionamento com clientes: 85,6%
- Maior eficácia no atendimento: 82,9%
- Maior capacidade de desenvolvimento: 74,7%
- Redução do impacto ambiental: 74,1%
- Entrada em novos mercados: 43,8%
- Outros: 1,5%
Apesar desse crescimento marcante da IA nesses setores, vale ressaltar que a Computação em Nuvem continua sendo a tecnologia mais utilizada nas empresas (77,2%), seguida por Internet das Coisas (50,3%).
Altos custos e falta de profissionais são alguns dos obstáculos enfrentados pela crescente tecnológica
Apesar de trazer uma série de benefícios nas indústrias brasileiras, as empresas também apontaram alguns desafios na implementação de tecnologias digitais avançadas. Cerca de 78,6% delas, por exemplo, relataram os altos custos como um dificultador para a adoção dessas tecnologias. A falta de profissionais qualificados dentro das empresas para operar tais tecnologias é representada por 54,2%. Além disso, também foram apontadas outras dificuldades, como os riscos relacionados à segurança e privacidade (47,2%), oferta limitada de profissionais qualificados (46,8%) e dificuldade de integração entre áreas (45,1%).
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