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A quinta pessoa mais rica do mundo acaba de vender todas as suas ações da BYD; justamente quando se fala em tarifas no México

Imagem | BYD
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Fabrício Mainenti

Redator

Warren Buffett, o homem que por quase duas décadas foi o investidor mais influente por trás da BYD, decidiu vender todas as suas ações da montadora chinesa. A retirada foi confirmada em um relatório oficial da Berkshire Hathaway no final de junho de 2025. Isso marca o fim de um relacionamento que começou em 2008, quando o chamado "Oráculo de Omaha" apostou em veículos elétricos muito antes da Tesla se tornar o fenômeno global que é hoje.

A mudança ocorre no pior momento possível para a BYD. Seus lucros caíram mais de 30% no último trimestre, com um mercado cada vez mais agressivo e preços pressionando as margens da empresa. Soma-se a isso o fato de que o México, um de seus principais territórios, anunciou tarifas de até 50% sobre carros chineses, justamente quando a marca via este país como uma porta de entrada para o crescimento nas Américas.

Esta não é apenas uma venda, mas uma mensagem clara: mesmo para Buffett, o negócio de carros elétricos não é mais tão promissor quanto era anos atrás. Suas declarações anteriores sobre "a indústria automobilística ser muito difícil" fazem sentido agora que os governos estão erguendo barreiras comerciais e os investidores estão se refugiando em ativos mais seguros, como títulos do Tesouro.

A queda de 3,3% no preço das ações da BYD após a notícia reforça a percepção de que o apoio de Warren Buffett foi mais do que simbólico. Foi um selo de confiança que agora está desaparecendo. Enquanto isso, no Weibo, o CEO da BYD, Li Yunfei, agradeceu publicamente à Berkshire pelos 17 anos de apoio, tentando minimizar o golpe.

Fábrica da BYD na China. Fábrica da BYD na China.

Mas a realidade é diferente. A saída de Buffett deixa a BYD vulnerável no momento em que o México se torna um campo de batalha na guerra comercial entre a China e os Estados Unidos. Para um público já cauteloso com os carros chineses, a notícia alimenta dúvidas sobre a viabilidade dessas marcas em um ambiente hostil.

Em 2008, a Berkshire comprou ações por entre 8 e 10 dólares (entre R$ 42 e R$ 53 na cotação atual) de Hong Kong. Hoje, elas estão a 109 HKD (cerca de R$ 75), longe do pico de 155 (cerca de R$ 106) atingido em maio, segundo reportagens da CNBC. O retorno foi enorme, mas também revela que Buffett não quer esperar para ver se a BYD consegue resistir ao novo ambiente de competição acirrada.

BYD Dolphin Mini no México. BYD Dolphin Mini no México.

O México na Nova Ordem Mundial da Indústria Automotiva

A mensagem para o México é dupla. Por um lado, as tarifas buscam proteger a indústria local e enviar sinais a Washington. Por outro, mostram que até mesmo os gigantes financeiros estão cautelosos com a entrada de carros elétricos chineses no país. O que parecia uma oportunidade está se transformando em incerteza.

No fim das contas, Warren Buffett não apenas fechou um ciclo de investimentos. Ele também deixou um alerta: a eletrificação é o futuro, mas isso não significa que todas as apostas valem a pena. E o México, em meio a esse tabuleiro geopolítico, será uma peça-chave na próxima década.

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