Anos atrás, o principal "remédio" contra a depressão era vendido em massa nos supermercados: 7UP

Receita do 7Up continha citrato de lítio, composto ainda usado como medicamento na psiquiatria

Imagem | Mike Mozart, CC BY 2.0
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
pedro-mota

PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

É um fato mais ou menos conhecido que a origem da Coca-Cola está no desenvolvimento de tônicos medicinais pelo farmacêutico americano John Pemberton. No entanto, esta bebida não é o único refrigerante com origem no mundo da farmácia.

A história do 7Up antecede seu nome e sua fórmula atual, começando em 1929. O refrigerante começou a ser comercializado sob o nome Bib-Label Lithiated Lemon-Lime Soda, antes de ser renomeado para 7 Up Lithiated Lemon Soda e, posteriormente, apenas 7Up.

No entanto, não é a mudança de nome que costuma atrair mais atenção em sua história, mas sim a mudança em sua fórmula. Como os nomes já indicavam, a fórmula original deste refrigerante continha nada menos que lítio (Li), o terceiro elemento da tabela periódica.

Antes que os alarmes comecem, é preciso esclarecer que não se tratava de lítio elementar (que é um metal alcalino muito reativo), mas sim de citrato de lítio, um composto orgânico, sal de lítio e ácido cítrico.

Para entender o motivo, precisamos saber qual é a utilidade deste composto. Há décadas, o citrato de lítio tem sido usado como medicamento em tratamentos psiquiátricos. É um composto considerado um estabilizador de humor e é usado no tratamento de transtorno bipolar, depressão e mania. O refrigerante teria sido comercializado originalmente não como um medicamento contra esses problemas, mas como uma espécie de tônico, um remédio para ressaca e para acalmar o estômago.

A origem do nome 7Up é desconhecida, mas entre as várias teorias, uma indica que se trata de uma referência ao lítio. A razão é que, embora o número atômico desse elemento seja três, sua massa atômica é de aproximadamente sete (6,94 para ser mais preciso).

Como apontamos no início, este não é o único refrigerante cuja história tem estreita ligação com a farmácia. A Coca-Cola também tem sua origem como tônico restaurador. Neste caso, trata-se também de um ingrediente que já desapareceu de sua fórmula (cocaína) que costuma atrair mais atenção quando se fala sobre a história do refrigerante.

A água tônica contemporânea ainda possui em sua fórmula o "ingrediente ativo" que a tornou um tratamento, a quinina, usada, entre outros, para o tratamento da malária. É claro que o conteúdo atual que podemos encontrar na bebida é muito baixo, então não podemos mais falar sobre propriedades terapêuticas no refrigerante que encontramos hoje em supermercados.

Imagem | Mike Mozart, CC BY 2.0

Inicio