A violência é um problema social sério e uma das maiores questões dentro de grandes centros urbanos. Por essa razão, é natural que os cidadãos busquem formas de se proteger de tais violências. Em casos de invasão domiciliar e roubo, muitas famílias optam pela construção de muros enormes ao redor de suas residências para se proteger. Afinal, no senso comum, quanto mais alto o muro, mais protegido os moradores estão. Mas será que isso é mesmo verdade? Pode ser que não! De acordo com um estudo realizado há alguns anos pela Polícia Militar do Paraná, os muros altos não protegem casas e ainda podem ter o efeito contrário do esperado, atraindo ainda mais assaltantes.
Moradores de grandes cidades fazem de tudo para proteger suas casas
As invasões e os roubos a domicílio são ocorrências bastante comuns nos grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, cidades marcadas pela desigualdade social. De um lado, favelas e comunidades abarrotadas de gente, com casas e prédios baixos sem muros. Já do outro lado, no “asfalto”, termo usado para referir-se às pessoas que moram fora das favelas, milhares de prédios e casas com muros cada vez mais altos.
Em um cenário marcado pela violência urbana, os muros altos passam a sensação de segurança, funcionando como se fosse uma barreira contra os possíveis perigos da rua. É como se os muros isolassem e protegessem os moradores do que está acontecendo do lado de fora. Além dos muros, cadeados, cães de guarda, sistemas de vigilância e segurança privada também são outras formas encontradas pelos moradores para se proteger de possíveis invasões às suas residências. Mas e se você descobrisse que esses muros, ao invés de proteger, deixam as casas ainda mais expostas ao perigo?
Estudo revela que muros altos podem incentivar invasão residencial e atrair assaltantes
Pode ser difícil de acreditar que muros altos não inibem a ação de assaltantes. No entanto, por mais surpreendente que seja, o estudo realizado pela Polícia do Paraná revelou que os muros altos podem causar o efeito contrário do proposto, atraindo ainda mais a atenção de criminosos.
A pesquisa, realizada em 2007 pela Polícia Militar do Paraná, indicou que as casas com muros altos são alvos de assaltantes. O levantamento, feito em Curitiba, mostrou que 60% das casas invadidas eram cercadas por muros e 25% por grades. Os 15% restantes eram de casas sem grade e muro. Mas o mais surpreendente da pesquisa foi o relato dos detentos presos por crimes como esse. A polícia descobriu que 71% dos detentos têm preferência em assaltar casas com muros de até 2 metros, pois, segundo eles, os muros ocultam melhor a ação do crime.
De acordo com o professor do programa de pós-graduação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Renato Saboya, em entrevista ao Estadão, os muros afetam a visibilidade, dificultando a vigilância pelos próprios moradores, que tentam enxergar o que acontece na rua. Além disso, os muros ainda comprometem a visão dos vizinhos, que poderiam agir caso vissem alguém dentro do quintal de sua casa.
Ver 0 Comentários