Paradoxo da segurança: por que o muro alto da sua casa pode estar colocando você em mais perigo

Estudo realizado pela Polícia Militar de Curitiba revelou que assaltantes preferem invadir casas com muros altos do que as com muro baixo

Muro feito de tijolos. Créditos: banco de imagens
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Laura Vieira

Redatora
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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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A violência é um problema social sério e uma das maiores questões dentro de grandes centros urbanos. Por essa razão, é natural que os cidadãos busquem formas de se proteger de tais violências. Em casos de invasão domiciliar e roubo, muitas famílias optam pela construção de muros enormes ao redor de suas residências para se proteger. Afinal, no senso comum, quanto mais alto o muro, mais protegido os moradores estão. Mas será que isso é mesmo verdade? Pode ser que não! De acordo com um estudo realizado há alguns anos pela Polícia Militar do Paraná, os muros altos não protegem casas e ainda podem ter o efeito contrário do esperado, atraindo ainda mais assaltantes.

Moradores de grandes cidades fazem de tudo para proteger suas casas

As invasões e os roubos a domicílio são ocorrências bastante comuns nos grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, cidades marcadas pela desigualdade social. De um lado, favelas e comunidades abarrotadas de gente, com casas e prédios baixos sem muros. Já do outro lado, no “asfalto”, termo usado para referir-se às pessoas que moram fora das favelas, milhares de prédios e casas com muros cada vez mais altos.

Em um cenário marcado pela violência urbana, os muros altos passam a sensação de segurança, funcionando como se fosse uma barreira contra os possíveis perigos da rua. É como se os muros isolassem e protegessem os moradores do que está acontecendo do lado de fora. Além dos muros, cadeados, cães de guarda, sistemas de vigilância e segurança privada também são outras formas encontradas pelos moradores para se proteger de possíveis invasões às suas residências. Mas e se você descobrisse que esses muros, ao invés de proteger, deixam as casas ainda mais expostas ao perigo?

Estudo revela que muros altos podem incentivar invasão residencial e atrair assaltantes

Pode ser difícil de acreditar que muros altos não inibem a ação de assaltantes. No entanto, por mais surpreendente que seja, o estudo realizado pela Polícia do Paraná revelou que os muros altos podem causar o efeito contrário do proposto, atraindo ainda mais a atenção de criminosos.

A pesquisa, realizada em 2007 pela Polícia Militar do Paraná, indicou que as casas com muros altos são alvos de assaltantes. O levantamento, feito em Curitiba,  mostrou que 60% das casas invadidas eram cercadas por muros e 25% por grades. Os 15% restantes eram de casas sem grade e muro. Mas o mais surpreendente da pesquisa foi o relato dos detentos presos por crimes como esse. A polícia descobriu que 71% dos detentos têm  preferência em assaltar casas com muros de até 2 metros, pois, segundo eles, os muros ocultam melhor a ação do crime.

De acordo com o professor do programa de pós-graduação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Renato Saboya, em entrevista ao Estadão, os muros afetam a visibilidade, dificultando a vigilância pelos próprios moradores, que tentam enxergar o que acontece na rua. Além disso, os muros ainda comprometem a visão dos vizinhos, que poderiam agir caso vissem alguém dentro do quintal de sua casa.

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