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A NVIDIA e a AMD poderão vender seus chips de IA para a China, mas, para isso, darão aos EUA uma comissão de 15%

  • É comum que haja controles de exportação para certos produtos específicos e críticos.

  • Mas cobrar das empresas 15% de sua receita para vender um produto para um país específico é incomum.

Para liberar a venda de chips de IA para a China, EUA vai cobrar 15% de comissão da NVIDIA | Imagem: NVIDIA e Dominic Kurniawan
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Igor Gomes

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Igor Gomes

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Subeditor do Xataka Brasil. Jornalista há 15 anos, já trabalhou em jornais diários, revistas semanais e podcasts. Quando criança, desmontava os brinquedos para tentar entender como eles funcionavam e nunca conseguia montar de volta.

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A NVIDIA e a AMD concordaram em ceder parte da receita da venda de certos chips de IA na China ao governo dos Estados Unidos. Este acordo desbloqueia a exportação desses componentes para o país asiático após meses de incerteza, mas com esta contrapartida incomum.

O contexto

O governo dos EUA vem impondo todos os tipos de proibições à exportação de chips e tecnologia avançada de IA para a China há anos. O objetivo sempre foi impedir a gigante asiática de competir. Isso saiu pela culatra, e o avanço dos modelos de IA chineses — como o DeepSeek — e de chips — como o da Huawei — mostra que essa tática não funcionou.

NVIDIA e seus chips H20

Para tentar evitar essas proibições, a NVIDIA desenvolveu seu chip H20 com a intenção de atender às exigências do governo dos EUA — parando de vender seus chips mais avançados — e, assim, continuar gerando receita na China. Mesmo assim, eles não resolveram o problema, e o governo dos EUA proibiu a venda desse chip no país asiático.

Um dilema que também envolveu a AMD

Os EUA enfrentam um dilema aparentemente impossível há meses : vender hardware de IA para a China ou não, deixando que eles próprios o desenvolvam. A AMD também estava na mesma situação, completamente impedida de vender seus chips de IA para a China, o que representava um problema colossal para sua receita global, que depende fortemente das vendas na China.

Solução: Me dê a minha parte

O que desencadeou todo esse cenário foi, claro, o dinheiro. Em um acordo sem precedentes revelado pelo Financial Times, o governo dos EUA permitirá que o H20 da NVIDIA e o MI308 da AMD sejam exportados para a China, mas 15% da receita dessas vendas será destinada aos cofres do governo americano.

Jensen Huang já havia alertado

O CEO da NVIDIA, Jensen Huang, já havia alertado que a proibição da venda de seus chips na China poderia levar a uma redução de US$ 15 bilhões em sua receita neste ano. A gigante asiática representa 13% da receita total da NVIDIA, mas as sanções ameaçavam a sobrevivência da empresa (e da AMD) naquele país.

Uma reunião bem-sucedida

De acordo com o Financial Times, o Departamento de Comércio dos EUA começou a emitir licenças de exportação para chips H20 na sexta-feira, dois dias após o CEO da NVIDIA se reunir com o presidente dos EUA, Donald Trump. Essa reunião parece ter sido a última após o acordo teórico inicial que os dois haviam alcançado menos de um mês antes.

Isso nunca aconteceu antes

Esse "quid pro quo" é inédito, apontam analistas do Financial Times, observando que nenhuma empresa americana havia concordado anteriormente em pagar parte de sua receita para obter licenças de exportação para seus produtos. Mesmo assim, o pacto está em linha com a postura ditatorial do presidente Trump, que, além das chamadas tarifas recíprocas, continua a exigir que as empresas fabriquem nos EUA os chips usados em produtos vendidos no país, como iPhones .

Previsões

De acordo com analistas da consultoria Bernstein, a NVIDIA teria vendido cerca de 1,5 milhão de chips H20 na China sem os controles de exportação. Isso teria resultado em uma receita de cerca de US$ 23 bilhões, mas esse número provavelmente é menor agora. Ainda assim, espera-se que as empresas chinesas façam grandes encomendas de chips NVIDIA e AMD.

Um precedente preocupante

Enquanto isso, alguns especialistas criticam esse tipo de acordo. Liza Tobin, da Fundação Jamestown, comentou: "Pequim deve estar exultante enquanto Washington transforma licenças de exportação em fontes de receita. O que vem a seguir? Deixar a Lockheed Martin vender F-35s para a China em troca de uma comissão de 15%?"

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