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Será que poderemos adotar? Guaxinins urbanos mostram sinais iniciais de domesticação, aponta estudo

A simples proximidade com humanos pode desencadear mudanças

Guaxinins | Fonte: Getty Images
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Vika Rosa

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Vika Rosa

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Jornalista com mais de 5 anos de experiência, cobrindo os mais diversos temas. Apaixonada por ciência, tecnologia e games.


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Acostumados a vasculhar latas de lixo e a circular por quintais, os guaxinins se tornaram figuras comuns nas cidades da América do Norte. Essa convivência tão próxima dos humanos parece estar deixando marcas físicas na espécie: um novo estudo sugere que guaxinins que vivem em áreas urbanas estão desenvolvendo focinhos mais curtos, uma das características associadas à domesticação em diversos animais.

A pesquisa reforça a ideia de que o processo de domesticação não começa necessariamente com intervenção humana direta, como captura ou criação seletiva. Segundo os autores, ele se inicia muito antes, quando uma espécie passa a conviver rotineiramente com ambientes humanos e a depender dos recursos que encontra ali.

Será que eles querem ser adotados?

“Produzimos muito lixo onde quer que vamos”, explica Raffaela Lesch, bióloga da Universidade de Arkansas em Little Rock e coautora do estudo. Essa abundância de restos de comida funciona como um verdadeiro buffet para animais oportunistas. Para aproveitar esse cenário, eles precisam ser ousados o suficiente para explorar o lixo, mas não a ponto de se tornarem um risco para as pessoas. Essa pressão seletiva, segundo Lesch, pode ser poderosa.

O estudo lembra ainda que essa redução na resposta de medo, um comportamento-chave na domesticação, costuma vir acompanhada de mudanças físicas. Desde Darwin, pesquisadores observam padrões como focinho mais curto, cabeça menor, orelhas caídas e manchas brancas na pelagem em animais domesticados. Em 2014, biólogos sugeriram que esses traços podem ter origem em alterações nas chamadas células da crista neural, fundamentais no desenvolvimento embrionário.

Para investigar se algo semelhante ocorre em tempo real com animais selvagens, Lesch e sua equipe analisaram quase 20 mil fotos de guaxinins enviadas por usuários do iNaturalist. O resultado: os indivíduos que vivem em cidades apresentaram focinhos cerca de 3,5% mais curtos do que os encontrados em áreas rurais.

O padrão se alinha ao que já foi observado em outras espécies urbanas, como raposas e camundongos, indicando que a simples proximidade com humanos pode desencadear tanto mudanças comportamentais quanto físicas.

Os pesquisadores planejam aprofundar a investigação, possivelmente comparando genética e níveis de estresse entre guaxinins urbanos e rurais. Outras espécies adaptadas às cidades, como tatus e gambás, também podem entrar na lista.

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