Cientistas acreditam ter encontrado o planeta que deu origem à nossa Lua

Theia teria sido vizinha da Terra no cenário mais convincente

Lua | Fonte: Getty Images
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Vika Rosa

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Vika Rosa

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Jornalista com mais de 5 anos de experiência, cobrindo os mais diversos temas. Apaixonada por ciência, tecnologia e games.


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Um dos maiores mistérios da formação do Sistema Solar pode estar mais perto de ser resolvido. Três novos estudos, publicados pela Science e conduzidos por equipes do Max Planck Institute for Solar System Research (MPS) e da Universidade de Chicago, reforçam a hipótese de que os cientistas finalmente identificaram a composição e a provável origem de Theia, o misterioso corpo celeste que colidiu com a Terra há cerca de 4,5 bilhões de anos e deu origem à Lua.

A teoria do impacto gigante sempre foi o cenário mais aceito para explicar a formação do nosso satélite natural. Segundo ela, um grande protoplaneta chamado Theia chocou-se violentamente com a Terra primitiva, alterando para sempre seu tamanho, sua estrutura e sua órbita. O impacto lançou material para o espaço, que posteriormente se uniu para formar a Lua. 

Rastreando Theia por meio de pistas químicas

As respostas começam a aparecer graças à análise precisa de isótopos metálicos presentes em rochas da Terra e da Lua. Os pesquisadores examinaram 15 amostras terrestres e seis amostras lunares trazidas pelas missões Apollo, medindo a proporção de isótopos de ferro com uma precisão inédita.

Essas informações foram combinadas com dados anteriores de outros elementos importantes (como cromo, cálcio, titânio, molibdênio e zircônio).

Os resultados mostram que Terra e Lua são praticamente indistinguíveis nesses isótopos, mesmo considerando elementos que se comportam de forma diferente durante a formação dos planetas. Como cada isótopo funciona como um “registro químico” do local de origem dos materiais, esses padrões ajudaram os cientistas a reconstruir o passado de ambas as rochas e, por consequência, do objeto que as formou.

Desvendando um planeta que não existe mais

Theia foi completamente destruída no impacto, mas suas assinaturas químicas permanecem preservadas no sistema Terra-Lua. Usando cálculos que funcionam como uma “engenharia reversa” planetária, os cientistas testaram diferentes cenários de composição, tamanho e mistura entre Theia e a Terra primitiva para identificar quais combinações poderiam gerar os padrões isotópicos observados hoje.

A conclusão é surpreendente: Theia provavelmente se formou no Sistema Solar interno, em uma região ainda mais próxima do Sol do que a própria Terra. Alguns de seus materiais não se encaixam perfeitamente em nenhuma classe conhecida de meteorito, o que sugere que parte de seus componentes se originou em uma zona solar interior ainda pouco representada entre os meteoritos que chegam até nós.

Segundo os autores, o cenário mais convincente é que Terra e Theia eram vizinhas, formadas a partir de materiais semelhantes, mas com Theia recebendo contribuições de regiões ainda mais internas do disco solar primordial.

Pela primeira vez, temos uma reconstrução consistente do planeta que moldou o destino da Terra e que, paradoxalmente, deixou de existir no momento em que nos deu a Lua.

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