O recorde de maior velocidade já alcançada por humanos foi foi registrado há 56 anos: 39.937,7 km/h — agora, estamos prestes a superá-lo

Os astronautas da missão Artemis II se preparam para superar a antiga marca da Apollo 10

A nova viagem à Lua fará com que o recorde seja quebrado / Imagem: Liam Yanulis (NASA)
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Há mais de 15 anos, Usain Bolt se tornou o homem mais rápido do mundo, completando uma corrida de 100 metros rasos em 9,58 segundos. O velocista atingiu uma velocidade máxima de 44 km/h usando apenas seu corpo. Se falarmos de humanos em um meio de transporte, o recorde é bem mais antigo. E não estamos nos referindo aos pilotos da F1, mas aos astronautas da missão Apollo 10.

Em 26 de maio de 1969, quando retornavam à Terra da órbita lunar, os astronautas Thomas Stafford, John Young e Eugene Cernan bateram um recorde que ainda permanece vigente.

A nave em que viajavam, o módulo de comando Charlie Brown, reentrou na atmosfera terrestre a uma velocidade de 39.937,7 quilômetros por hora, o equivalente a percorrer a distância entre São Paulo e Campinas em menos de um minuto. Já faz 56 anos e ninguém viajou tão rápido desde então.

O ensaio do primeiro pouso lunar

Para entender a proeza da Apollo 10, é preciso lembrar seu contexto. O voo foi um ensaio geral da histórica missão Apollo 11. Eles chegaram a apenas 15 quilômetros da superfície lunar, testaram todos os sistemas do módulo de descida e, o mais importante, realizaram com segurança a viagem de volta.

A razão para sua incrível velocidade não foi um motor mais potente, mas uma questão de trajetória. O caminho de retorno à Terra foi planejado para ser especialmente curto, cerca de 42 horas em vez das habituais 56.

Essa descida mais direta para nosso planeta, acelerada pela gravidade terrestre, catapultou a cápsula e seus tripulantes a uma velocidade nunca antes vista durante a fase de reentrada, que Eugene Cernan descreveu como estar “em uma bola de chamas brancas e violetas”.

Desde então, nenhuma missão tripulada teve a necessidade ou a capacidade de atingir uma velocidade tão alta. A era do ônibus espacial e das missões à Estação Espacial Internacional se desenvolveu em órbita baixa da Terra, com velocidades de reentrada muito mais modestas, em torno de 28.000 km/h.

O recorde da Apollo 10 permaneceu intacto simplesmente porque não voltamos à Lua. Mas esse recorde, uma relíquia da era dourada da exploração espacial, está prestes a ser batido.

Os herdeiros do recorde

O programa Artemis, que leva o nome da irmã gêmea de Apolo na mitologia grega, é a resposta da NASA a essa longa ausência. Sua primeira missão tripulada, Artemis II, está prevista para o início de 2026. A nave Orion, na qual viajarão ao redor da Lua, marcará um novo recorde de velocidade.

Se tudo correr bem, espera-se que os astronautas Jeremy Hansen (da Agência Espacial Canadense), Victor Glover, Reid Wiseman e Christina Hammock Koch (da NASA) iniciem sua reentrada atmosférica a 40.234 quilômetros por hora, um valor que superaria por uma pequena margem a marca da Apollo 10.

Para conseguir uma reentrada nessa velocidade recorde e resistir ao plasma e às temperaturas de 2.760 ºC geradas pelo choque compressivo dos gases da atmosfera com a nave, a NASA projetou a nave Orion com um escudo térmico especialmente grosso e resistente.

No entanto, na missão não tripulada Artemis I, o escudo térmico rachou durante a reentrada e vários pedaços se soltaram. Para evitar que isso volte a acontecer na Artemis II, a Orion modificará o perfil de reentrada, evitando uma fase de ressalto em que podem se formar gases dentro do material do escudo térmico. Mas a velocidade será mantida, estabelecendo um novo recorde.

Imagem | Liam Yanulis (NASA)

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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