Os olhos azuis não possuem pigmento azul; então, por que os vemos dessa cor?

A explicação envolve o efeito Tyndall, um fenômeno similar ao responsável por vermos o céu azul

Olhos azuis / Imagem: Michael Morse
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Victor Bianchin

Redator
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Victor Bianchin é jornalista.

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Muitos de nós aprendemos as primeiras lições de genética por meio das ervilhas e da cor dos olhos. Mas há mais ciência envolvida ao explicar a cor que nossos olhos adquirem. Nesse processo, não intervém apenas a física, mas também uma biologia um pouco mais complexa do que se pensava inicialmente.

A cor azul não é uma das mais frequentes na natureza. Talvez por isso chamem a atenção flores dessa cor, as plumagens de algumas aves e as asas de certos insetos.

Um motivo está na otimização de recursos. Os pigmentos azuis são moléculas que refletem a luz em determinados segmentos do espectro eletromagnético correspondentes aos tons de azul, dando assim cor a um objeto.

O problema dessas moléculas é que, geralmente, têm um tamanho grande. Isso as torna difíceis de serem sintetizadas pelos seres vivos, de modo que, se não oferecem uma vantagem evolutiva significativa, não serão produzidas pelo nosso corpo.

Por isso, quando vemos a cor azul na natureza, é provável que sua origem não esteja em um composto químico, mas em algum fenômeno físico. É o que ocorre, por exemplo, no caso da plumagem de algumas aves, cuja cor se deve a nanoestruturas que refletem a luz em comprimentos de onda curtos do espectro visível, correspondentes ao azul. E também é o caso dos olhos azuis.

Ausência de pigmentação

No caso dos olhos azuis, não se trata de nanoestruturas, mas da íris e do efeito Tyndall, um fenômeno similar ao responsável por vermos o céu azul (e os pores do sol vermelhos). É o que explica, em um artigo no The Conversation, Davinia Beaver, especialista em medicina regenerativa da Bond University, na Austrália.

Quando a luz entra em nossos olhos, as partículas em suspensão presentes nela interagem com os comprimentos de onda mais curtos do espectro, fazendo com que eles se dispersem mais, “refletindo” assim parte do azul das ondas para fora.

Esse efeito não ocorre em pessoas com olhos marrons porque, nesse caso, há pigmento. Esse pigmento “aprisiona” parte da luz, fazendo com que ela não escape tão facilmente do olho, resultando em tons mais escuros. O pigmento em questão é a melanina, a mesma responsável pelos tons de pele mais escuros.

Existem ainda outras cores de olhos, como verde ou “avelã”. Essas cores podem ser vistas como a combinação da dispersão da luz pelo efeito Tyndall, modulada por certa presença de melanina, seja em pequenas quantidades ou concentrada em algumas regiões da íris.

A genética que estudamos na escola, é claro, é simples, uma versão simplificada do que sabemos sobre esse campo da biologia. Um campo que, além disso, tem avançado com o tempo, tornando-se mais complexo à medida que desvendamos mais e mais detalhes sobre seu funcionamento, lembra Beaver. Ela aponta, por exemplo, que são vários os genes que influenciam a aparência dos nossos olhos, de modo que os detalhes familiares que determinam uma cor de olhos ou outra podem não ser tão perceptíveis quanto pensamos.

A cor dos olhos também pode mudar como consequência de outros fatores, como a nossa idade, à medida que a melanina vai se acumulando nos olhos, algo que geralmente ocorre durante o crescimento. Determinadas condições médicas, acrescenta Beaver, também podem influenciar essa cor.

Imagem | Michael Morse

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.


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