Na noite de terça-feira (23/9), um avião de pequeno porte caiu no Mato Grosso do Sul, em uma região rural de Aquidauana, levando à morte de quatro passageiros. Dentre eles, estava Kongjian Yu, considerado um dos maiores arquitetos do mundo nas áreas de paisagismo e urbanismo. Kongjian é reconhecido mundialmente por criar o conceito de cidades esponjas, um modelo urbanístico pensado para absorver grandes volumes de água. De acordo com informações da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros, a queda do avião ocorreu próximo a uma fazenda da região, mas as causas do acidente ainda não foram identificadas. A seguir, entenda mais sobre o conceito criado por Kongjian Yu.
O que são cidades esponjas?
Uma cidade esponja é um modelo urbanístico que tem ficado cada vez mais popular no mundo. Criado por Kongjian Yu, arquiteto paisagista e urbanista chinês, a ideia surgiu após uma tragédia ocorrida em Pequim em 2012, quando uma forte chuva deixou grande parte da capital chinesa alagada, provocando a morte de 80 pessoas. A partir desse acontecimento, o governo chinês passou a investir em modelos de cidades esponjas.
Mas afinal, o que são essas cidades? O objetivo do modelo é transformar pontos estratégicos de grandes centros urbanos, de forma que eles possam ter a capacidade natural de deter, limpar e infiltrar águas. Tudo isso a partir de mudanças arquitetônicas baseadas no princípio de que a própria natureza regula a água, sendo considerado um modelo sustentável. A seguir, confira três pontos principais do modelo criado Kongjian Yu:
- Retenção de água: a idéia principal das cidades esponjas é reter parte da chuva para que o grande volume de água não provoque enchentes, alagamentos e enxurradas;
- Diminuição da velocidade de rios: ao desacelerar o fluxo de água nos rios, a natureza consegue absorver a água da chuva;
- Áreas alagáveis: outro grande ponto desses modelos é criar estruturas naturais alagáveis dentro dos centros urbanos para que, assim, a água possa ser contida e absorvida sem provocar alagamentos e outros problemas.
Entenda como as cidades esponjas funcionam

As mudanças climáticas têm provocado transformações cada vez mais frequentes e intensas no planeta. Entre as consequências mais perigosas estão os eventos meteorológicos extremos, como inundações e a elevação do nível do mar. Esses fenômenos estão diretamente ligados à intensificação de atividades humanas, como o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis, práticas que se tornam ainda mais críticas nos grandes centros urbanos.
Dessa forma, surge a necessidade de adaptar as cidades para reduzir ou até conter os impactos dessas mudanças. É nesse contexto que entram as chamadas cidades esponjas.
Essas cidades são planejadas para funcionar de forma semelhante a uma floresta, aproveitando elementos da própria natureza para diminuir os efeitos do aquecimento global. Grandes áreas verdes, por exemplo, ajudam a sequestrar carbono da atmosfera, um processo essencial para diminuir os gases de efeito estufa. Além disso, as cidades esponjas permitem que a água da chuva escoe de forma natural, recarregando aquíferos e lençóis freáticos, além de direcionar o excesso para regiões alagáveis sem causar grandes danos.
Para que isso aconteça, a infraestrutura urbana precisa priorizar áreas amplas e permeáveis, sem pavimentação, possibilitando que o solo absorva a água. Dessa forma, a cidade tende a se tornar mais resistente às mudanças climáticas, garantindo uma melhor qualidade de vida para os habitantes.
Confira os elementos que transformam uma cidade comum em uma cidade esponja
De modo geral, existem vários elementos que podem fazer uma cidade ser considerada uma cidade esponja. Até o momento, Kongjian Yu já projetou mais de 70 obras para transformar cidades “normais” em esponjas, então vários elementos já foram utilizados por ele em seus projetos. Dentre eles, destaca-se:
- Criação de áreas verdes, como parques alagáveis;
- Reconstrução de margens de rio, retirando o contrato e implantando uma vegetação nativa;
- Implementação de jardins de chuva, que nada mais são do que áreas verdes que reduzem o escoamento superficial;
- Telhados verdes, reduzindo o escoamento da chuva;
- Pavimentação permeável, que permite a absorção da água;
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