Você já ouviu falar nos trens da felicidade? Inicialmente, o termo pode parecer referir-se a algo bom, mas, na prática, não se tratou de algo tão bom assim. Isso porque os trens da felicidade surgiram em um contexto de muita miséria e sofrimento na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Eles faziam parte de um projeto criado pelo governo do país com o objetivo de melhorar as condições de vida de crianças que sofriam com as consequências devastadoras de uma guerra. A seguir, saiba como isso funcionou e o que o projeto representava:
O que foram os trens da felicidade?
O nome já é sugestivo: um trem que, de alguma forma, traria felicidade aos passageiros. Mas o que eles eram de fato? Os trens da felicidade, conhecidos como Treni della Felicità, foi um projeto organizado pela União das Mulheres Italianas e pelo Partido Comunista da Itália, em 1945, durante o regime fascista de Mussolini, bem no período final de um dos maiores conflitos globais já existentes: a Segunda Guerra Mundial.
Diferentemente dos trens convencionais, os trens da felicidade não transportavam passageiros comuns, mas crianças que viviam em situação de extrema pobreza no sul do país, até famílias mais favorecidas do país que aceitaram acolher os jovens.
Como surgiram os trens da felicidade?
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a Itália sofria consequências gravíssimas do conflito. A pobreza era um dos principais problemas no país, especialmente no sul da Itália, região predominantemente camponês e rural, que mantinha uma economia mais agrícola e menos desenvolvida em comparação com as regiões mais industrializadas do norte.
As famílias não tinham acesso a água, nem para beber, nem para tomar banho, e comida era um recurso muito escasso no país. O governo de Mussolini disponibilizava apenas um pedaço de pão para as famílias, de acordo com a quantidade de filhos. A falta de alimento e condições precárias de higiene fizeram com que muitas crianças adoecessem e até morressem.
Foi exatamente nesse contexto que o governo teve a ideia de levar essas crianças para famílias mais favorecidas do país, por um breve período de tempo. O objetivo era que as crianças tivessem uma melhor qualidade de vida enquanto a Itália se recuperasse da destruição provocada pela guerra. No entanto, na prática, a iniciativa não foi tão simples quanto parece. Mães e filhos sofriam com a despedida na estação, sem contar que muitas das crianças que iam para outras famílias, não queriam voltar após o fim do tempo estipulado, por medo de voltar para a realidade dura que viviam anteriormente.
Treni della Felicità: entenda como funciona
De modo geral, o trem da felicidade levava as crianças para outras famílias para viverem por um período de quatro meses. Após esse tempo, as crianças eram devolvidas novamente às suas famílias, algo que não era tão fácil na época, nem para as crianças, e nem para os adultos que os acolheram, que se sentiam apegados aos pequenos. A primeira cidade a acolher as crianças foi Reggio Emilia, seguida por Parma, Piacenza, Modena, Bolonha e Ravena. Nessa primeira viagem, que ocorreu no dia 16 de dezembro de 1945, foram levadas cerca de 1,8 mil crianças, mas a iniciativa perdurou até os anos de 1951.
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