Gigante dos refrigerantes entra no café e desafia a Nestlé

  • O grupo norte-americano Keurig Dr Pepper iniciou a compra da europeia JDE Peet’s por mais de 15 bilhões de euros.

  • O negócio pode transformá-lo em um dos maiores grupos de café do mundo, no mesmo patamar do outro gigante europeu: a Nestlé.

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Sofia Bedeschi

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Sofia Bedeschi

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Jornalista com mais de 5 anos de experiência, gamer desde os 6 e criadora de comunidades desde os tempos do fã-clube da Beyoncé. Hoje, lidero uma rede gigante de mulheres apaixonadas por e-Sports. Amo escrever, pesquisar, criar narrativas que fazem sentido e perguntar “por quê?” até achar uma resposta boa (ou abrir mais perguntas ainda).

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Existem dois mundos quando falamos de marcas de café. De um lado, os muitos torrefadores e marcas pequenas focadas no café especial. Do outro, um punhado de grandes conglomerados que dominam as prateleiras dos supermercados. Nestlé, Starbucks, Lavazza e JDE Peet’s estão entre esses gigantes, mas agora uma marca de refrigerantes chega para abocanhar uma parte da, cada vez maior, fatia do mercado global de café.

Como? Comprando um de seus principais concorrentes: os donos da Marcilla e da L’Or.

KDP 

Essas são as iniciais de Keurig Dr Pepper, uma das maiores empresas de bebidas do mundo. Ela nasceu da fusão, em 2018, da Dr Pepper Snapple Group — dona de marcas como 7UP e Schweppes — com a Keurig Green Mountain, uma tradicional marca de café que revolucionou o sistema de monodoses nos anos 90 nos Estados Unidos, tanto em escritórios quanto em casas.

Hoje é um gigante avaliado em cerca de 43 bilhões de euros. O grupo administra mais de 125 marcas e, no café, domina o mercado americano com as cafeteiras Keurig e suas cápsulas próprias, no mesmo estilo da Nestlé com as Nespresso. Pois esse megagrupo acaba de anunciar uma operação de 15,7 bilhões de euros para comprar uma das maiores companhias de café da Europa: a holandesa JDE Peet’s.

JDE Peet’s

É a dona de marcas emblemáticas de café como Marcilla, Saimaza e L’Or, além de Senseo e Hornimans, entre outras. Antes da compra, a empresa era avaliada em cerca de 13 bilhões de euros e, mesmo com todos os desafios do setor de café nos últimos meses e a alta de preços, fechou 2024 com crescimento de 13,2%, superando a meta de 1,25 bilhão de euros.

Império do café

Embora na Europa os resultados tenham se mantido estáveis, o desempenho em regiões como América Latina, Rússia, Oriente Médio e África foi o que impulsionou a companhia no último ano, garantindo um aumento de 21%. É justamente isso que a KDP busca com a compra da JDE Peet’s: entrar em mercados que ainda não explorava, mas onde as marcas da holandesa já estão consolidadas.

Para executar essa estratégia, a KDP criará duas divisões quando a compra for concluída: Beverage Co e Global Coffee Co. Esta última parece ser um rebranding do que hoje conhecemos como JDE Peet’s.

Objetivo: Nestlé

Essa compra acontece em um momento de forte alta nos preços do café nos últimos meses, resultado de uma tempestade perfeita: safras ruins, problemas de escassez e aumento da demanda mundial, especialmente na China. E o alvo principal é a Nestlé.

Esse gigante tem no café sua maior prioridade, movimentando cerca de 20 bilhões de euros em 2024 com marcas como Nescafé, Nespresso, Dolce Gusto, Bonka e ainda uma parceria estratégica com a Starbucks para criar produtos para o lar (mais cápsulas). 

Segundo a Reuters, analistas já estimam que a nova entidade da KDP terá um porte de negócios semelhante ao da Nestlé, com ambas alcançando 20% de participação no mercado global.

Apesar do acordo entre as duas partes, uma operação desse porte precisa passar por revisões detalhadas. A expectativa é de que seja concluída no primeiro semestre de 2026. Resta ver o que vai acontecer com as marcas, mas em um cenário em que o café enfrenta não só os efeitos do aquecimento global, como também tarifas comerciais, a fusão entre a americana e a europeia parece fazer todo o sentido.

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