Hibakujumoku: as árvores que sobreviveram a bombas atômicas

Mais de 160 árvores conseguiram sobreviver ao ataque nuclear que levou a morte de mais de 200 mil pessoas 

Salgueiro Chorão localizado em Hiroshima. Créditos: Green Legacy Hiroshima
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Laura Vieira

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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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No dia 6 de agosto de 2025, a cidade de Hiroshima, localizada no Japão, completou 80 anos de uma das maiores tragédias já vivenciadas: o lançamento de uma bomba atômica em seu território. O ataque nuclear, além de causar a morte de milhares de pessoas, também afetou a flora e fauna da região. Afinal, é claro que os altos níveis de radiação também prejudicariam a sobrevivência dos animais e das plantas. 

Mas, por incrível que pareça, algumas árvores conseguiram sobreviver às consequências devastadoras do atentado. Elas receberam o nome de hibakujumoku, que significa “árvore sobrevivente”, e se transformaram em símbolos de paz e renovação na cultura japonesa. A seguir, conheça um pouco mais sobre a história dessas árvores resilientes. 

Hiroshima e Nagasaki: relembre o contexto histórico do ataque

Paruqe Memorial da Paz em Hiroshima, Japão. Créditos: banco de imagens Estima-se que o ataque nuclear tenha vitimado entre 110 mil e 210 mil pessoas.

O ataque às cidades de Hiroshima e Nagasaki, ocorridos nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente, foi considerado um dos maiores atentados da história da humanidade. De acordo com o Bulletin of the Atomic Scientists, uma organização sem fins lucrativos da Universidade de Chicago relacionada a questões científicas e de segurança global, a estimativa é que tenham morrido entre 110 mil e 210 mil pessoas no atentado, incluindo as mortes imediatas da explosão, queimaduras e devido aos efeitos da radiação. 

O lançamento das bombas atômicas sobre as duas cidades ocorreu no contexto da Segunda Guerra Mundial, a mando dos Estados Unidos. Essa foi a forma utilizada pelo país para forçar a rendição japonesa no contexto da guerra. Anteriormente, bombas atômicas nunca haviam sido utilizadas em um conflito armado. Foi nesse contexto que surgiu a Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 24 de outubro de 1945, com o intuito de evitar futuros conflitos, como o que devastou o Japão, e gerir a energia atômica mundial

Contudo, apesar da iniciativa, o estrago já havia sido feito no Japão, que precisou de décadas para se recuperar das consequências da guerra em seu território. Mas mesmo diante a tanta destruição, as hibakujumokus resistiram a radiação e se tornaram símbolos de resiliência

Entenda a história por trás da hibakujumoku

Hibakujumoku é um termo que une duas palavras japonesas: hibaku, que significa bombardeado, e jumoku, que significa árvore ou floresta. O nome foi escolhido propositalmente para referir-se às árvores que conseguiram resistir aos efeitos nocivos da radiação, em decorrência do lançamentos das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Estima-se que mais de 160 árvores, de 30 espécies diferentes, como  figueiras, bambus, cerejeiras, ginkgo, camélias, cânforas, peônias, azaleias e salgueiros-chorões, tenham sobrevivido ao atentado nas cidades. Muitas delas estavam localizadas a distâncias bem próximas do hipocentro da bomba, resistindo a uma intensa destruição que muitos prédios e construções não conseguiram suportar. É o caso do salgueiro-chorão, uma árvore localizada em Hiroshima, a apenas 370 metros do hipocentro, que teve apenas um tronco danificado durante o bombardeio. 

O legado das hibakujumokus se espalhou mundo afora

A resiliência dessas árvores não ficou restrita apenas à cultura japonesa. Muitas instituições foram fundadas para compartilhar o legado dessas árvores que resistiram à tragédia de Hiroshima e Nagasaki, como é o caso da Green Legacy Hiroshima e o Nagasaki Project. Além de preservar e cuidar das árvores sobreviventes, as instituições têm por objetivo incentivar a conscientização sobre guerras nucleares, assim como transmitir uma mensagem sobre a resiliência e a esperança de paz às gerações futuras.

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