Diante da queda na produção global de cacau, a Mars Incorporated, dona dos famosos M&M’s, está investindo em tecnologia para garantir o futuro do chocolate. A empresa firmou uma parceria com a Pairwise para desenvolver árvores de cacau mais resistentes e produtivas, usando a técnica de edição genética conhecida como CRISPR. A ideia é acelerar o crescimento das plantas e torná-las mais preparadas para enfrentar as mudanças climáticas e pragas, reduzindo o risco de escassez e altas no preço do chocolate.
Por que o cacau está em falta?
A produção mundial de cacau enfrenta uma crise sem precedentes. Os principais países produtores, como Costa do Marfim e Gana, responsáveis por cerca de 60% da oferta global, vêm lidando com uma combinação de problemas que está afetando a produção de cacau. Mudanças climáticas severas, como chuvas intensas seguidas de longos períodos de calor e seca, têm afetado diretamente as plantações, que são bastante sensíveis às variações do clima.
Além disso, problemas crônicos também estão contribuindo para esse cenário, como é o caso da doença do broto inchado, que têm atacado os cacaueiros e reduzindo ainda mais a produtividade. A situação fica ainda mais grave com o uso limitado de tecnologia no cultivo da planta e o predomínio de pequenos produtores com manejo agrícola precário, o que deixa as lavouras mais vulneráveis a pragas e perdas. O resultado tem sido uma queda drástica na oferta global de cacau e a disparada nos preços. No Brasil, o cenário não é diferente: estados como a Bahia também sofreram com pragas e condições climáticas desfavoráveis que destruíram grandes áreas de cultivo.
Empresa vai criar árvore de cacau resistente
Para enfrentar a escassez de cacau no mundo, a Mars Incorporated está apostando na tecnologia e na ciência. Em parceria com a Pairwise, a fabricante dos M&M’s pretende desenvolver árvores mais resistentes a doenças e que se desenvolvam mais rapidamente. Para isso, eles vão utilizar uma tecnologia chamada de CRISPR, uma técnica de edição genética que permite modificar o DNA de plantas com o objetivo de melhorar características, como resistência a doenças e pragas, e tolerância a condições climáticas adversas.
Ao contrário do cultivo tradicional, que pode levar décadas e depende de cruzamentos entre milhares de genes com resultados incertos, o CRISPR torna o processo muito mais rápido e eficaz. A técnica ajuda os pesquisadores a selecionar apenas os traços desejados, aumentando as chances de sucesso no desenvolvimento das plantas. Além disso, eles também pretendem reduzir o tempo que uma árvore leva para começar a produzir frutos, o que é especialmente vantajoso no caso do cacau, já que sua produção normalmente começa entre três e cinco anos após o plantio.
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