Estudo afirma que jogar Pokémon "deforma" cérebro de crianças, mas não do jeito que você imagina; saiba o que é a teoria do viés de excentricidade

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Igor Gomes

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Igor Gomes

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Subeditor do Xataka Brasil. Jornalista há 15 anos, já trabalhou em jornais diários, revistas semanais e podcasts. Quando criança, desmontava os brinquedos para tentar entender como eles funcionavam e nunca conseguia montar de volta.

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Saber detalhes de jogos da nossa infância é muito mais fácil do que lembrar as matérias que deveríamos ter estudado na escola. Se você é um elder millenial e gostava de videogames na infância, é provável que tenha decorado pelo menos os 151 primeiros Pokémon. Já alguns exercícios que estudantes da quinta série resolvem com facilidade podem ser um pouco mais difíceis. É quase como se o cérebro tivesse um lugar para guardar as informações do jogo. E um estudo pode ter provado que essa hipótese é verdadeira.

Pokémon deforma o cérebro de crianças

O estudo de Stanford sobre a plasticidade do cérebro humano surge a partir de um experimento feito com macacos em Harvard. Os pesquisadores descobriram que os animais conseguem criar uma nova área no cérebro dedicada ao processamento de imagens específicas se receberem muito estímulo durante o início da vida. A partir desse estudo, Jesse Gomez, pesquisador e Neurocientista de Stanford, tentou entender como poderia verificar se isso também se aplicava a humanos.

Foi então que ele lembrou do tempo em que jogava Pokémon em seu GameBoy a tarde inteira. "Eu jogava sem parar desde os seis ou sete anos", disse Gomez ao Stanford Report. "Continuei jogando durante toda a minha infância, enquanto a Nintendo lançava novas versões". A experiência intensa com os jogos da série poderiam ser a chave entender se o mecanismo do cérebro dos macacos também funciona em humanos.

Teoria do viés de excentricidade

O jogos da série Pokémon são perfeitos para estudar essa capacidade do cérebro por uma série de motivos. Primeiramente, eles eram jogados em uma tela pequena que precisava ficar a uma distância curta dos olhos para ser enxergada claramente. Além disso, o jogo premiava quem decorasse as características dos monstrinhos e os capturasse.

Essas características permitem testar uma hipótese chamada teoria do viés de excentricidade. Essa tese afirma que o cérebro reserva uma parte maior ou menor para o processamento de imagens de acordo com o quanto essas imagens ocupam do nosso campo visual e quais partes (central ou periférica) usamos para vê-las.

Reservatório especial

Sulco occipitotemporal de quem jogou Pokémon na infância tem atividade maior ao ver um personagem do jogo| Imagem: Jesse Gomez

Para averiguar a hipótese, Gomez juntou 11 pessoas que jogaram Pokémon quando crianças e 11 que nunca encostaram em um cartucho da série. Eles foram colocados em uma máquina de ressonância magnética e mostrados diferentes imagens de Pokémon e até personagens do anime. Os ex-jogadores tiveram ativação da mesma área do cérebro ao verem os monstrinhos e em intensidade muito maior do que quem não jogou: uma dobra cerebral localizada logo atrás das orelhas, chamada sulco occipitotemporal. Essa parte também é responsável por processar imagens de animais.

A conclusão é que estímulos no começo da vida podem literalmente moldar o cérebro humano. Com os estímulos certos (centralidade no campo de visão, por exemplo) é possível desenvolver habilidades que vão te acompanhar até a vida adulta. 

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