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Boeing pede aos funcionários que se preparem para possível desastre: o potencial cancelamento do foguete SLS da NASA

A Boeing avisou seus funcionários sobre a possibilidade de 400 demissões devido à chance de a NASA cancelar o SLS em março

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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

O desenvolvimento do foguete SLS custa à NASA 3 bilhões de dólares por ano. Cada lançamento representará outros 2 bilhões. Não é novidade que o SLS, fabricado pela Boeing, seja visto como uma opção cara e ultrapassada em comparação ao Starship da SpaceX ou ao New Glenn da Blue Origin. Contudo, considerando que esses foguetes ainda não estão prontos para voar até a Lua, o cancelamento do SLS não era algo com o qual a Boeing contava... até agora.

Uma reunião de seis minutos

A Boeing tem cerca de 800 funcionários dedicados ao foguete lunar SLS. David Dutcher, o diretor do programa, os reuniu no dia 7 de fevereiro para informar que os contratos poderiam ser encerrados em março sob a nova administração da NASA. A empresa está se preparando para enfrentar novos cortes de pessoal caso os contratos não sejam renovados, disse ele.

De acordo com Ars Technica, a reunião foi convocada com menos de uma hora de antecedência e durou seis minutos. Dutcher havia preparado o que iria dizer, mostrou-se frio e não aceitou perguntas, segundo uma fonte anônima.

Contexto

O Space Launch System (SLS) é o foguete da NASA para o retorno à Lua. Também é um dos elementos mais controversos do programa lunar Artemis. Seu desenvolvimento, liderado pela Boeing, começou em 2011, aproveitando tecnologias e componentes de programas anteriores, como o ônibus espacial.

Embora essa estratégia tenha permitido reutilizar infraestruturas e conhecimentos prévios, também resultou em uma série de complexidades na integração de sistemas modernos com o hardware já testado, o que levou a múltiplos atrasos e custos adicionais.

De um rumor a uma possibilidade real

Por não haver uma alternativa imediata para o SLS, os rumores sobre o cancelamento do foguete não eram tratados como uma possibilidade real. Mas, então, Donald Trump foi reeleito presidente e o jovem empresário Jared Isaacman, que viajou duas vezes ao espaço com a SpaceX, foi nomeado para dirigir a NASA.

Foi precisamente a primeira administração Trump que criou o programa lunar Artemis em 2017.

Mas, sob a influência de Elon Musk, a segunda administração Trump promete concentrar seus esforços em reduzir até 30% do gasto público da NASA e colonizar Marte (se é que ambas as coisas são compatíveis).

A Boeing se prepara para o pior

Vale ressaltar que o Congresso dos EUA ainda não tomou nenhuma decisão sobre o orçamento da NASA ou uma possível reestruturação das missões Artemis, muito menos existe um plano definido para chegar a Marte (a suposição era que, primeiro, a NASA estabeleceria uma base na Lua para, posteriormente, dar o salto para o planeta vermelho).

No entanto, a Boeing está se preparando para o pior cenário enquanto a Casa Branca prepara uma proposta orçamentária com ajustes para o ano fiscal de 2026. A lei obriga a empresa a avisar seus funcionários com 60 dias de antecedência em caso de demissões em massa ou fechamento de fábricas, razão pela qual convocou a reunião com a equipe do programa SLS de maneira apressada.

O comunicado oficial da Boeing

Longe de ocultar suas previsões, a Boeing enviou um comunicado à imprensa no qual confirma a possibilidade de demitir 400 funcionários em abril de 2025 para "alinhá-los com as revisões do programa Artemis e as expectativas de orçamentos".

"Estamos trabalhando com nosso cliente e buscando oportunidades para redistribuir os funcionários em toda a nossa empresa, a fim de minimizar as perdas de postos de trabalho e reter nossos talentosos colegas de equipe", acrescenta o comunicado.

Imagem | NASA's Space Launch System

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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