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Elon Musk deu a entender seu próximo objetivo: "Os países que não fabricarem seus próprios drones serão estados vassalos"

“Será melhor descobrirmos rapidamente como construir drones em escala”, disse o CEO de Tesla e SpaceX

Musk alerta que uma nação que não produzir seus próprios drones irá ficar para trás / Imagem: Flickr (Dvids)
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Elon Musk colocou suas cartas na mesa com uma frase contundente: “é melhor descobrirmos rapidamente como construir drones em escala ou estaremos condenados a ser um estado vassalo”. Só a China fabrica drones em escala. E uma certa empresa de carros elétricos poderia suprir essa necessidade.

“Os EUA, atualmente, não conseguem fabricar seus próprios drones”, disse Musk em uma conferência de resultados da Tesla. À primeira vista, parece um exagero clássico do empresário. Fornecedores militares dos EUA, como AeroVironment (fabricante do Switchblade-600) e General Atomics (criador do MQ-9 Reaper), projetam e produzem drones. No entanto, Musk não se refere à capacidade de projetar essas aeronaves não tripuladas, mas à produção em escala e à independência da cadeia de suprimentos.

Nesse sentido, a dependência da China é esmagadora, e não só por parte dos EUA. A China controla entre 70% e 80% do mercado mundial de drones comerciais, que estão sendo usados ativamente na guerra da Ucrânia. E os componentes críticos como baterias, chips, câmeras e motores vêm, em sua maior parte, da China. “A China fabrica mais drones em um dia do que os EUA em um ano inteiro”, disse Musk.

Um mercado de 9 trilhões

Mas o alerta de Musk não é só um impulso patriótico — também tem um viés comercial. Segundo um relatório da Morgan Stanley, o setor de drones e eVTOLs pode alcançar um valor de 9 trilhões de dólares até 2050. É um mercado grande demais para que o empresário sul-africano não queira uma fatia.

O movimento ganharia ainda mais importância no momento atual da Tesla. A empresa registrou uma queda de 71% nos lucros líquidos no primeiro trimestre de 2025, com um tombo de 52% nas vendas na Europa em apenas um mês. O início do lançamento dos robotáxis não parece suficiente para convencer os acionistas — apostar em um mercado tão grande pode ser a solução.

As peças se encaixam perfeitamente. A Tesla já desenvolve robótica avançada com o robô humanóide Optimus e sistemas autônomos como a direção autônoma baseada em visão computacional. A SpaceX, empresa irmã, fecha o ciclo com um conhecimento inigualável do setor aeroespacial.

O próprio Musk deixou entrever esse movimento na chamada para investidores, falando sobre o futuro da Tesla: “O futuro da empresa se baseia fundamentalmente em carros autônomos em grande escala e em um vasto número de robôs humanóides autônomos”. Os drones encaixam perfeitamente nessa visão de “robôs com inteligência artificial acessível”.

O Pentágono bate à porta

A dependência geoestratégica da China não passou despercebida em Washington. O Pentágono lançou a iniciativa “Replicator”, um programa de 1 bilhão de dólares para implantar milhares de drones militares, escolhendo o Switchblade-600 da AeroVironment como sua primeira compra pública.

Paralelamente, o Departamento de Defesa impulsionou uma reforma para eliminar a burocracia e alcançar o “domínio dos UAS” até 2027. A mensagem é clara: os Estados Unidos compartilham a preocupação de Musk e estão tentando recuperar o terreno perdido a todo custo. A declaração de Musk sobre os “Estados vassalos” é, digamos, uma jogada com múltiplas intenções.

Imagem | Flickr (Dvids)

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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