Tendências do dia

Existe uma região na América Latina que possui mais petróleo do que toda a Arábia Saudita, mas produz 12 vezes menos

  • Apesar de seu imenso potencial, o Cinturão Petrolífero do Orinoco perdeu relevância na indústria

  • Sanções ao petróleo venezuelano foram flexibilizadas, mas maior desafio é de natureza estrutural

Imagens | EFOFAC, Wilfredor
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PH Mota

Redator
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PH Mota

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Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

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No leste da Venezuela, o Cinturão Petrolífero do Orinoco quer retornar à sua era de ouro, mas enfrenta desafios políticos, econômicos e técnicos. A Venezuela possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo: 300,878 bilhões de barris. Para se ter uma ideia, a Arábia Saudita possui reservas de 267 bilhões de barris em todo seu território.

O petróleo bruto venezuelano concentra-se no Cinturão Petrolífero do Orinoco, uma região de 55.314 quilômetros quadrados no leste do país que se estende pela bacia do rio Orinoco. O Cinturão é rico em petróleo pesado e extrapesado, um tipo de petróleo denso e viscoso que requer processos de extração e refino mais caros e desafiadores para ser transformado em produtos utilizáveis, como gasolina e diesel.

Vigésimo primeiro país em produção de petróleo

O Cinturão Petrolífero do Orinoco é conhecido desde janeiro de 1936, quando a empresa americana Standard Oil, de Nova Jersey, perfurou o primeiro poço: "La Canoa-1", no estado de Anzoátegui.

Apesar de sua idade, o Cinturão Petrolífero do Orinoco continua sendo a maior reserva conhecida de petróleo bruto. Entretanto, não conseguiu se recuperar há anos devido a sanções políticas e problemas técnicos e econômicos que o cercam.

Em seu auge, a Venezuela produziu três milhões de barris por dia. Hoje, é o vigésimo primeiro país do mundo em produção de petróleo, com 770 mil barris diários, atrás até mesmo da vizinha Colômbia. Estados Unidos, Rússia e Arábia Saudita lideram o ranking com 8 a 12 milhões de barris por dia.

Desafio e oportunidade

As sanções ao petróleo venezuelano, lideradas pelo governo americano, foram suspensas por seis meses em outubro de 2023, permitindo um tímido retorno de empresas estrangeiras ao Cinturão Petrolífero do Orinoco.

A moratória mostrou que o setor petrolífero venezuelano enfrenta problemas que vão além da política; são problemas de natureza estrutural. Após anos de negligência, corrupção e crise econômica, o petróleo venezuelano precisa de investimento estrangeiro para modernizar a custosa infraestrutura com a qual extrai e processa o petróleo pesado.

Embora as sanções tenham sido reativadas no ano passado como medida de pressão do governo Biden contra o governo de Nicolás Maduro, agora as empresas estrangeiras têm a oportunidade de obter licenças individuais para mitigar seus efeitos, o que mostra alguns resquícios de esperança para um país no qual o petróleo continua sendo um motor econômico.

Impulso do petróleo na América Latina

A modernização da infraestrutura, a atração de investimentos estrangeiros e a estabilização da economia são passos cruciais, mas não se sabe se serão suficientes para recuperar todo o potencial econômico do Cinturão Petrolífero do Orinoco.

Os países latino-americanos estão em meio a uma "corrida do ouro" do petróleo, cujo caso mais extremo é o da vizinha Guiana, que viu seu PIB crescer 33% graças às reservas descobertas em seu litoral em 2015. Enquanto isso, o Brasil subiu para o 8º lugar na produção mundial de petróleo e o México está em 11º lugar.

A pergunta que paira no ar é a mesma para todos esses países: o que acontecerá com seus investimentos quando a esperada queda na demanda por petróleo chegar, devido ao efeito da transição energética? Por enquanto, grande parte do mundo se move como se fôssemos continuar queimando petróleo por muitos anos. Talvez essa seja a resposta.

Imagens | EFOFAC, Wilfredor

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