Wang Chuanfu, presidente e CEO da BYD, reconheceu publicamente pela primeira vez o motivo da queda nas vendas da empresa no mercado chinês. Durante uma assembleia extraordinária de acionistas realizada em 5 de dezembro em Shenzhen, o CEO admitiu sem rodeios que a fabricante perdeu a vantagem tecnológica que a diferenciava da concorrência.
Segundo a mídia local, Wang explicou que perderam aquele "fator surpresa" no mercado interno, referindo-se ao impacto que suas inovações geravam anteriormente.
O problema subjacente
A publicação local China Securities Journal noticiou as declarações do executivo da BYD, que afirmou que a queda se deve a dois fatores principais. Por um lado, ele admitiu que a vantagem tecnológica da BYD não é mais tão pronunciada quanto nos anos anteriores, o que reduziu o fator surpresa de seus produtos no mercado. Por outro lado, o CEO reconheceu que problemas práticos permanecem sem solução, como a baixa velocidade de carregamento de seus veículos em ambientes de baixa temperatura, um aspecto crítico para usuários em certas regiões da China.
Os números confirmam a tendência
Em novembro de 2025, a BYD vendeu 480.186 veículos de nova energia, o maior número mensal do ano, mas uma queda de 5,25% em comparação com o mesmo mês de 2024. Este é o terceiro mês consecutivo de queda em relação ao ano anterior. As vendas no mercado interno foram particularmente fracas, com 348.300 unidades, uma queda de 26,81% em relação ao ano anterior.
Em contrapartida, as exportações ultrapassaram a marca de 100 mil unidades pela primeira vez, atingindo 131.700, um aumento de 297% que se tornou o principal motor de crescimento da empresa. Para a BYD e outras montadoras chinesas, é importante continuar consolidando seus negócios internacionais por dois motivos principais: manter o abastecimento de suas fábricas e aumentar suas margens de lucro diante de uma China que parece estar envolvida em uma constante guerra de preços.
A concorrência é acirrada
Fabricantes chineses como Geely, Changan e Chery intensificaram sua ofensiva com modelos híbridos e elétricos mais acessíveis e eficientes, corroendo a participação de mercado da BYD. Além disso, a homogeneização dos produtos no setor tornou difícil para a BYD se destacar como antes. Em setembro de 2025, a SAIC Motor chegou a ultrapassar temporariamente a BYD em vendas mensais, segundo o CarNewsChina.
Resposta da BYD
Wang Chuanfu insinuou que a empresa está preparando "grandes tecnologias" para serem anunciadas em breve, embora não tenha oferecido detalhes. O CEO enfatizou que a força da BYD reside em sua equipe de aproximadamente 120 mil engenheiros, que serão fundamentais para recuperar a liderança tecnológica. A empresa planeja aumentar seus investimentos em eletrificação e tecnologias inteligentes nos próximos dois a três anos.
Autocrítica incluída
Wang também fez uma autocrítica, admitindo que as condições favoráveis do mercado nos anos anteriores levaram a certa complacência nos departamentos de marketing e vendas, conforme relatado pelo CnEVPost.
E agora?
A BYD revisou para baixo sua meta de vendas globais para 2025, de 5,5 milhões de veículos para aproximadamente 4,6 milhões. Entre janeiro e novembro, a empresa acumulou 4,182 milhões de unidades vendidas, representando 90,9% da meta ajustada e um aumento de 11,3% em relação ao ano anterior. Esses números contrastam fortemente com as taxas de crescimento espetaculares dos anos anteriores: 218% em 2021, 209% em 2022, 62% em 2023 e 41% em 2024.
Stella Li, vice-presidente da empresa, já havia insinuado algumas novidades muito interessantes da fabricante durante a cerimônia de entrega dos prêmios Xataka. Resta, portanto, aguardar para ver qual será a estratégia da empresa para mitigar o impacto da concorrência.
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