Não é dieta, nem academia: aos 100 anos, lendário ator de Hollywood atribui sua saúde a um segredo simples que todo mundo pode fazer em casa — e a ciência explica

Dick Van Dyke completa um século de vida e revela um hábito surpreendente que desafia a obsessão moderna por performance, enquanto estudos científicos reforçam sua tese

Crédito de imagem: Monica Schipper/Getty Images
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
joao-paes

João Paes

Redator
joao-paes

João Paes

Redator

Escreve sobre tecnologia, games e cultura pop há mais de 10 anos, tendo se interessado por tudo isso desde que abriu o primeiro computador (há muito mais de 10 anos). 

175 publicaciones de João Paes

Em uma era dominada por rotinas extremas de exercícios, dietas milimetricamente calculadas e suplementos com nomes impronunciáveis, Dick Van Dyke surge como um elegante diferentão. Aos 100 anos, o lendário ator de Mary Poppins e tantos outros sucessos não aponta para um superalimento exótico nem para treinos diários extenuantes. Seu “segredo” é muito mais simples e talvez mais difícil de praticar: manter uma visão positiva da vida e, sobretudo, não alimentar a raiva. À primeira vista, pode soar como sabedoria de avô carismático. Mas a ciência vem, há décadas, acumulando evidências de que Van Dyke pode estar absolutamente certo.

Estudos mostram que longevidade é um quebra-cabeça complexo, formado por genética, ambiente e hábitos. Ainda assim, níveis baixos de estresse e uma postura otimista aparecem com frequência como peças-chave. Um dos exemplos mais famosos vem de um estudo iniciado nos anos 1930, quando 678 jovens freiras escreveram autobiografias ao ingressar em um convento. Sessenta anos depois, pesquisadores cruzaram esses textos com dados de saúde e expectativa de vida. O resultado foi contundente: aquelas que expressavam mais emoções positivas viveram, em média, dez anos a mais do que as colegas mais pessimistas.

Pesquisas mais recentes reforçam o padrão. Um estudo britânico indicou que pessoas otimistas vivem de 11% a 15% mais. Já uma análise de 2022, com cerca de 160 mil mulheres de diferentes origens étnicas, mostrou que as mais otimistas tinham muito mais chances de alcançar os 90 anos. Não se trata de pensamento mágico, a fisiologia está envolvida.

A raiva, por exemplo, não é apenas um estado emocional passageiro. Ela aciona a liberação de adrenalina e cortisol, os principais hormônios do estresse. Mesmo explosões breves podem causar impactos negativos no sistema cardiovascular. Quando esse estado se torna crônico, o risco de doenças como infarto, AVC e diabetes tipo 2 aumenta consideravelmente. Não por acaso, essas condições respondem por cerca de 75% das mortes prematuras no mundo.

O efeito vai ainda mais fundo, chegando ao nível celular. O estresse está associado ao encurtamento dos telômeros — estruturas que protegem o DNA durante a divisão celular. Quanto mais curtos e desgastados eles ficam, menor é a capacidade das células de se regenerarem. Em termos práticos: o envelhecimento acelera. Estudos indicam, inclusive, que práticas de redução do estresse, como meditação, estão ligadas à preservação do comprimento dos telômeros.

Van Dyke, curiosamente, também se encaixa em outro padrão observado pela ciência. Pessoas otimistas tendem a adotar comportamentos mais saudáveis ao longo da vida. Elas se exercitam mais, comem melhor e cuidam mais da saúde — não por obrigação, mas por prazer. O próprio ator, aos 100 anos, ainda tenta se manter ativo algumas vezes por semana.

A boa notícia é que esse “segredo” não exige dinheiro, equipamentos ou uma assinatura. Gerenciar o estresse passa por desacelerar a respiração, evitar explosões emocionais e abandonar a ideia de que liberar a raiva resolve algo — evidências mostram que isso só prolonga o estado de alerta do corpo. Técnicas simples de relaxamento, atenção plena e até momentos de lazer sem propósito produtivo ajudam a criar um ciclo positivo.

No fim das contas, é claro que ser um ator de sucesso em Hollywood como Dick Van Dyke talvez ajude a ter uma situação financeira mais estável e, com isso, ter menos momentos de estresse. Mas claro: viver mais não é apenas adicionar anos à vida, mas reduzir o peso emocional que carregamos todos os dias. E isso, ao que tudo indica, pode começar dentro de casa — sem custar nada.



Crédito de imagem: Monica Schipper/Getty Images


Inicio