Patrick Synge é diretor de operações (CCO) de uma empresa de terceirização de processos com sede em Barcelona, que conta com dez funcionários em tempo integral — todos trabalhando em home office. Em janeiro de 2024, ele descobriu que um de seus funcionários mantinha secretamente um segundo emprego em tempo integral, também remoto.
Esse funcionário vinha trabalhando para a Metrickal desde 2022, a partir do Peru, e inicialmente apresentava um bom desempenho, segundo relata Synge. No entanto, com o tempo, começaram a surgir mais reclamações de clientes sobre prazos perdidos e tarefas que não eram concluídas a tempo.
Synge procurou conversar com o funcionário e já suspeitava que ele pudesse ter um segundo emprego em tempo integral. Mas, apesar do aviso de que aquela situação não poderia continuar, o desempenho do funcionário não apresentou melhora significativa.
O caso veio à tona com a adoção de um novo software de controle de tempo chamado DeskTime. A implementação da ferramenta fazia parte dos planos da empresa para testar a adoção de uma semana de quatro dias. Segundo Synge, a ideia era entender melhor como os fluxos de trabalho estavam organizados e onde havia potencial de otimização.
Software de monitoramento com função de captura de tela
Por meio do software, a Metrickal conseguiu identificar que uma empresa dos Estados Unidos aparecia com frequência incomum nos dados do funcionário que acabou sendo demitido.
Uma função de captura de tela mostrava claramente o trabalho que ele realizava para essa outra empresa. Com base nos dados, Synge estimou que o funcionário dedicava cerca de metade do tempo de trabalho à outra companhia.
Todos os funcionários da Metrickal haviam sido informados sobre a instalação do software. Synge acredita, no entanto, que o funcionário em questão tenha se esquecido de que o programa estava instalado. Ele inicia automaticamente com o computador e não precisa ser aberto manualmente.
Diante das evidências incontestáveis, Synge decidiu demitir o funcionário. Pouco tempo depois, ele atualizou seu perfil no LinkedIn informando que agora trabalha em tempo integral para a outra empresa.
Por que o funcionário foi demitido
Synge justificou sua decisão principalmente com dois pontos: primeiro, os colegas do funcionário demitido precisavam compensar seu baixo desempenho. Segundo, ele não acredita que seja possível uma pessoa exercer dois empregos ao mesmo tempo com produtividade, mesmo com o uso de inteligência artificial ou outras ferramentas.
Seu resumo da situação foi o seguinte:
“Como empresário, preciso pensar primeiro no meu negócio e nos meus clientes. Não posso me dar ao luxo de perder clientes porque alguém quer ganhar dinheiro extra. Realmente não me incomoda se as pessoas têm atividades paralelas para gerar renda adicional. Mas isso deve ser feito no tempo livre delas e não afetar a qualidade do trabalho principal.”
Não se sabe se o caso teve impacto nas considerações da empresa sobre a adoção da semana de quatro dias.
Este texto foi traduzido/adaptado do site GameStar.
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