A Starlink esbarra nas operadoras: elas não cederão de graça as frequências de banda que adquiriram

A GSMA pede que as novas empresas de satélites negociem diretamente com as operadoras que são donas das frequências

Frequências de banda / Imagem: Montagem com foto de Iván Linares e geração de Gemini
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Victor Bianchin

Redator
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Victor Bianchin é jornalista.

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Se as operadoras de telefonia móvel já enfrentavam concorrência em terra, agora ela vem do espaço: Starlink, Project Kuiper e outras empresas de satélites já estão prontas para atacar o smartphone. Tudo com o D2D ou “Direct To Device”, internet via satélite usando o espectro de frequências que já é utilizado pelas operadoras móveis. E, claro, surge aqui um conflito. A GSMA (Global System for Mobile Communications), associação internacional que reúne empresas do setor, resolveu se posicionar.

A Starlink está implantando uma constelação gigantesca de satélites em órbita terrestre baixa (LEO, ou “low Earth orbit”), assim como o Project Kuiper, seu concorrente direto em nível global. Além de levar internet ao solo com receptores específicos, essas empresas já têm pronta a conectividade direta com os smartphones. O ponto-chave para facilitar a conexão é que os satélites podem usar as mesmas frequências em que nossos celulares operam.

Os satélites da Starlink podem levar internet ao nosso celular “comum” usando as bandas pelas quais esses dispositivos se comunicam com as torres comuns por meio de 4G ou 5G. Assim, poderíamos ter cobertura em qualquer lugar sem a obrigação de contratar uma operadora como Claro ou Vivo, por exemplo. Diretamente com a Starlink. E aí está o problema.

As operadoras têm a chave-mestra

Tecnicamente, os satélites da Starlink e de outras empresas estão preparados para “conversar” com os celulares comuns usando as bandas de 700 MHz e 1.900 MHz, por exemplo, duas das mais utilizadas. Mas aqui surge um obstáculo legal: as operadoras têm licenças para usar essas frequências em terra.

Kit de recepção satelital da Starlink Kit de recepção satelital da Starlink

Nenhum operador de satélite pode oferecer serviços D2D (Direct to Cell é o nome comercial da Starlink), pelo menos enquanto não houver um acordo para o uso das frequências com as operadoras, que já são donas das licenças terrestres. Isso implica negociar com cada operadora, território por território. E a GSMA quer evitar que a Starlink ou o Project Kuiper possam acertar o uso das bandas diretamente com os reguladores dos países, sem passar pelas operadoras.

A GSMA reivindica seu território

Em um comunicado público, a organização que reúne as operadoras móveis lembra que o espectro de frequências é licenciado. A GSMA enfatiza que os novos atores de satélites devem acertar o uso com os proprietários das bandas antes de oferecer seus serviços aos celulares. E esses proprietários são as operadoras.

A GSMA não pretende barrar o D2D, apenas dar um alerta aos reguladores caso permitam a liberação da telefonia via satélite sem considerar as operadoras que adquiriram o direito de uso das frequências. Um uso que não foi nada barato: os leilões de frequências atingem preços recordes.

Depois de conquistar a internet global com seus próprios receptores, a Starlink mira o mercado mais lucrativo de todos: o dos smartphones. As operadoras não vão permitir que ela lhes roube o bolo, isso é certo. Assim, Elon Musk e Jeff Bezos terão de abrir a carteira para alugar o espectro que pretendem utilizar.

A Starlink já começou a licenciar as frequências: chegou a acordos com a T-Mobile nos Estados Unidos e com a Kyivstar na Ucrânia, por exemplo. A GSMA lembra que é assim que deve ser daqui em diante.

Imagem | Montagem com foto de Iván Linares e geração de Gemini

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.


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