Ultimamente, as montadoras chinesas estão travando uma guerra que não tem a ver com preços, mas com reputação. A Xiaomi abriu um processo judicial contra o que considera ser uma campanha de difamação iniciada no fim de 2024. A marca alega que centenas de milhares de contas falsas e bots nas redes sociais passaram a espalhar boatos e notícias manipuladas com o objetivo de prejudicar sua imagem pública.
O governo chinês já começou a investigar o caso e pode não ser o único
A BYD também está envolvida em disputas semelhantes e moveu ações legais contra vários influenciadores. A empresa está levando o caso a sério e chegou a oferecer recompensas milionárias para quem ajudar a identificar os responsáveis pelas supostas difamações.
Além disso, a BYD tem outros pontos a esclarecer, como as condições de trabalho em suas fábricas. Segundo o site Cars News China, o departamento jurídico da empresa anunciou processos contra 37 contas de influenciadores, além de manter outras 126 sob "monitoramento interno" por compartilharem informações falsas que prejudicariam a imagem da marca.
A montadora, que vem batendo recordes de vendas globalmente, acredita que os ataques são “organizados” e “coordenados”. As primeiras condenações dos acusados de difamação já foram oficializadas.
Entre as medidas aplicadas até agora estão pedidos de retratação pública e uma multa de cerca de 12 mil euros — o equivalente a aproximadamente R$ 70 mil — a um usuário da rede social Weibo. Outros envolvidos seguem sob investigação criminal por divulgar alegações não verificadas sobre uma suposta instabilidade financeira da BYD e até rumores de falência. Também há casos relacionados à divulgação de informações falsas sobre explosões de veículos, entre outras acusações.
Li Yunfei, gerente geral do Departamento de Marca e Relações Públicas da BYD, afirmou que todas as postagens e comentários relevantes estão sendo preservados como prova legal. Segundo ele, a empresa seguirá firme com as ações judiciais.
A equipe da BYD na Espanha afirmou ao site Motorpasión que a posição oficial da marca é a mesma expressa por Yunfei, sem acrescentar novos comentários.
As ações judiciais também foram estendidas a veículos de imprensa, como o Vice, nos Estados Unidos, acusado de afirmar falsamente, em 2020, que a BYD utilizava trabalho forçado em sua cadeia de produção.
Vale lembrar que, agora em maio, o Ministério Público do Brasil entrou com uma ação contra a montadora e duas contratadas por supostamente submeterem trabalhadores a condições análogas à escravidão e participarem de um esquema de tráfico internacional de pessoas.

Em 2024, as autoridades brasileiras interromperam a construção de uma fábrica da BYD, alegando que centenas de trabalhadores estavam vivendo em condições comparáveis à escravidão. Ainda assim, a empresa segue focada em preservar sua imagem pública.
A situação é tão séria que a montadora oferece recompensas que variam de 50 mil a 5 milhões de yuans — algo entre 6 mil e impressionantes 604 mil euros para quem fornecer pistas verificadas sobre possíveis campanhas de desinformação online contra a empresa.
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