Honda Fireblade, a moto que nasceu de um erro de tradução: seu criador nem sequer foi pra faculdade

A Honda Fireblade revolucionou o mundo das motos esportivas, marcando um antes e um depois em potência, leveza e dirigibilidade

A Honda Fireblade revolucionou o mundo das motos esportivas / Imagem: Honda
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Em 1962, um jovem japonês de 18 anos atravessava pela primeira vez as portas da Honda, como muitos outros fizeram nos primórdios da marca da asa dourada. Mas este, em particular, não tinha diplomas universitários nem formação técnica avançada — apenas uma determinação que acabaria marcando a história da empresa. Tanto que, hoje, a moto segue mais viva do que nunca.

Seu nome, que entrou para a história: Tadao Baba. Ele passou os primeiros anos fabricando peças para as CB72 e CB77, trabalhos repetitivos de oficina que lhe permitiram conhecer as entranhas de uma moto como poucos.

Fireblade, o erro tipográfico mais famoso da história das motos

Três anos depois, trocou o torno pelo guidão. Foi designado para os testes de desenvolvimento e, ali, seu talento aflorou. Venceu o campeonato nacional de 125 cc, e isso bastou para que Soichiro Honda o apontasse como alguém a ser observado. A partir de então, sua carreira só subiu, sempre impulsionada pelos resultados — não por títulos acadêmicos.

Nos anos 1970, ele já estava dirigindo projetos, ajustando carburadores e coordenando desenvolvimentos. O grande salto veio quando assumiu o comando do departamento de pesquisa e desenvolvimento, substituindo um dos nomes fortes da Honda Racing.

Era um cargo normalmente reservado a engenheiros com currículo impecável. Afinal, os japoneses são muito rigorosos com tudo, especialmente nesses assuntos acadêmicos. Baba, por sua vez, havia chegado até ali graças a mãos sujas de graxa e decisões certeiras.

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Seu momento decisivo chegaria com um projeto que buscava algo novo no segmento esportivo. Ele pensou em uma 750 leve e ágil, mas a Honda já tinha a VFR. Uma mil também não era viável: a CBR1000F dominava essa categoria. Sua solução foi engenhosa: um motor de 893 cc em um chassi do tamanho de uma 750. Assim nasceu a Fireblade, uma moto que inaugurou uma cilindrada intermediária e deixou as esportivas da época em evidência.

Baba era obcecado pelo peso. Queria que a moto fosse ainda mais leve que uma 600, algo que provocou mais de uma discussão interna. No fim, o resultado foi um míssil de 185 quilos que, em 1989, deixou os pilotos de teste boquiabertos. Baba os alertou que o que estavam prestes a pilotar não se parecia com nada que já tivessem visto, e acertou.

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A Fireblade foi pioneira na Honda no uso de design assistido por computador e consolidou a filosofia de centralizar massas para melhorar a dirigibilidade. Foi tão inovadora que mudou tudo e, até hoje, continua viva. Até mesmo seu nome tem história: deveria evocar a rapidez de um raio, mas um erro na tradução do francês “foudre” (“raio”) a batizou como Fireblade. Um “erro” que se tornou icônico.

Nos anos seguintes, a moto conquistou vitórias, como as de Phil McCallen na Ilha de Man, enquanto Baba, já convertido em lenda, observava em silêncio como sua criação mudava para sempre o conceito de superesportiva.

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A Honda Fireblade representou uma ruptura total com as esportivas de sua época: leve, precisa e com um motor capaz de humilhar rivais maiores, redefiniu o equilíbrio entre potência e dirigibilidade. Ao longo das décadas, tornou-se um ícone das superbikes, evoluindo tecnologicamente sem perder seu DNA de moto ágil e radical.

Hoje, mais do que nunca, continua sendo uma das referências do segmento, herdeira direta da visão de Tadao Baba e símbolo de como uma ideia audaciosa pode marcar para sempre a história do motociclismo. Então vejam como um nome faz diferença em uma marca, e como uma única pessoa é capaz de criar um ícone que até hoje continua vivo, rodando em milhares de estradas e vencendo corridas . E tudo isso sem um diploma universitário.

Imagens | Honda Motor

Este texto foi traduzido/adaptado do site Motorpasión.

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