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A China tem tantos carros elétricos circulando em suas ruas que vai utilizá-los para gerar energia para residências

  • A China planeja instalar milhares de estações de carregamento bidirecional;

  • Até € 170 para injetar energia de volta na rede durante o pico de consumo

A China tem tantos carros elétricos circulando em suas ruas que vai utilizá-los para gerar energia para residências.
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Fabrício Mainenti

Redator

Se você instalar um sistema de autoconsumo com painéis solares em casa e gerar mais energia do que precisa, existe um mecanismo chamado compensação simplificada que permite injetar essa energia de volta na rede e receber um bônus financeiro. Bem, a China quer levar esse conceito para seus carros elétricos.

O que está acontecendo?

De acordo com o Rest of World, o governo chinês está desenvolvendo estações de carregamento bidirecional para carros elétricos. O objetivo é que os carros carreguem durante os horários de menor consumo (quando a energia é mais barata) e injetem energia de volta na rede para estabilizar a demanda durante os horários de pico. Segundo testes do governo, os proprietários poderiam ganhar 1.400 yuans por carga (cerca de R$ 1.046).

O plano

Atualmente, o sistema está em fase de testes e 30 estações de carregamento bidirecional já foram instaladas em nove cidades diferentes. O plano é ter 5 mil estações até 2027 e, até 2030, a capacidade de energia deverá atingir 1 bilhão de quilowatts.

Por que isso é importante

A China não é apenas a maior fabricante mundial de veículos elétricos, mas também o país com a maior frota de carros elétricos do mundo, com mais de 40 milhões de veículos em circulação. Se conseguirem implementar a tecnologia em larga escala, terão também a maior rede de baterias elétricas disponível, o que os ajudaria a diversificar suas fontes de energia, reduzir a dependência do carvão e estabilizar o abastecimento.

Outros países já tentaram

A China não é o primeiro país a ter essa ideia. De acordo com a lista V2G-hub, existem cerca de 150 projetos semelhantes em todo o mundo, muitos dos quais foram abandonados, mas outros ainda estão em andamento. No entanto, nenhum chegou perto de ser adotado em todo o território nacional. Na Espanha, houve pelo menos seis iniciativas, uma das quais ainda está em operação em Menorca.

Desafios

O carregamento bidirecional enfrenta muitos desafios e dificuldades técnicas. Para começar, o preço: um carregador bidirecional custa entre US$ 2.100 e US$ 2.800 (R$ 11,2 mil e R$ 14,9 mil), quase três vezes o preço de um carregador padrão. Essa é a principal razão pela qual ampliar um sistema como esse é complicado; mas a China tem a vantagem do governo estar investindo pesado em subsídios de energia.

Outra dificuldade é que nem todos os carros são compatíveis com essa energia, então sua adoção em massa seria adiada, pelo menos até que um número maior de veículos a suporte. Finalmente, há a questão da degradação da bateria, uma das principais preocupações dos consumidores que pode dificultar sua adoção.

Estado Elétrico

Não faz muito tempo, a China era o maior poluidor do mundo e, embora ainda dependa muito do carvão para gerar energia, está passando por uma transformação radical para se tornar um "estado elétrico". A iniciativa de carregamento bidirecional é mais um exemplo do compromisso da China com as energias renováveis. 

Há outros exemplos, como a construção do maior parque solar do mundo no Tibete e a gigantesca Usina Hidrelétrica de Três Gargantas, tão grande que chegou a alterar a rotação da Terra.

Imagem de capa | Kindel Media, Pexels 

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