Duas das estrelas do Salão IAA de Munique 2025, o BMW iX3 e o Mercedes GLC, têm as maçanetas de porta embutidas, popularizadas pela Tesla. Todos os carros da empresa de Elon Musk, que estiveram entre os mais vendidos no mundo nos últimos anos, também possuem. As maçanetas embutidas se espalharam rapidamente em nossos automóveis nos últimos anos, tornando-se uma assinatura tanto dos carros elétricos quanto dos modelos premium.
Futuristas, estéticas e supostamente capazes de melhorar a aerodinâmica, elas simbolizavam o carro “tech”. Mas, agora, a China, o maior mercado automotivo do mundo, pode pôr um fim a isso: segundo o CarNewsChina, seus reguladores trabalham em uma proibição total das maçanetas totalmente retráteis, com aplicação prevista já para julho de 2027.
Somente seriam permitidas as maçanetas clássicas ou semi-embutidas, desde que integrem uma solução mecânica de emergência. Por trás de sua aparência high-tech, essas maçanetas que deixam a carroceria completamente lisa acumulam defeitos. Sua contribuição aerodinâmica é irrisória: apenas 0,005 a 0,01 ponto no coeficiente de arrasto, o que equivale a 0,6 kWh economizado a cada 100 km.
Em contrapartida, elas podem adicionar de 7 a 8 kg de mecanismos elétricos e custam três vezes mais que uma maçaneta clássica. Sobretudo, sua taxa de falha é oito vezes maior, chegando a representar até 12% dos reparos em alguns fabricantes.
Riscos críticos
E, sobretudo, os riscos se tornam críticos em caso de acidente. Uma pane elétrica, uma bateria desconectada ou um motor de maçaneta congelado no inverno são suficientes para bloquear a abertura de uma porta. Acidentes em 2024 na China revelaram situações dramáticas: ocupantes presos após uma enchente, atrasos no resgate por causa de uma maçaneta congelada e outros.
Os testes de colisão do instituto C-IASI confirmam o problema: as maçanetas eletrônicas garantem apenas 67% de sucesso em caso de impacto lateral, contra 98% das maçanetas mecânicas. Por fim, somam-se incidentes inusitados, porém recorrentes: aumento de 132% nas queixas de dedos de crianças presos, às vezes com fraturas, ou ainda motoristas obrigados a quebrar o vidro para sair do próprio carro.
Diante dessa série de problemas, o Ministério da Indústria da China (MIIT) decidiu rever a regulamentação e quer impor uma nova norma de segurança. As montadoras, já alertadas, começam a revisar seus projetos. Algumas se anteciparam: a Volkswagen e a Audi dão preferência às maçanetas semi-embutidas, que incorporam cordões de emergência mecânicos. Até Wei Jianjun, presidente da Great Wall Motor, denunciou publicamente a inutilidade e os perigos das maçanetas retráteis.
Mas, se a China adotar a medida, o impacto pode ir muito além de suas fronteiras! Como as montadoras estrangeiras não podem se dar ao luxo de fabricar duas linhas distintas, uma proibição no mercado chinês se traduziria no desaparecimento quase geral dessas maçanetas no mundo. A Europa também caminha nessa direção: a partir de 2026, o Euro NCAP não concederá mais cinco estrelas a modelos que apresentem funções vitais acessíveis apenas por interfaces sensíveis ao toque, sem comandos físicos. A China, aliás, já havia liderado o tema, exigindo botões físicos para certas funções essenciais.
Este texto foi traduzido/adaptado do site L’Automobile Magazine.
Ver 0 Comentários