Em uma carta enviada à Comissão Europeia no fim de agosto, a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA), e a Associação Europeia de Fornecedores Automotivos (CLEPA) alertam sobre a impossibilidade de cumprir metas que consideram “rígidas”.
Segundo elas, impor que os veículos da descarbonização sejam todos 100% elétricos coloca em risco o principal setor industrial europeu, já fragilizado pela concorrência asiática. Ola Källenius, presidente da ACEA e dirigente da Mercedes-Benz, considera que a Europa deveria “copiar o manual chinês”, combinando veículos elétricos e híbridos para reduzir mais amplamente as emissões. Matthias Zink, dirigente do fornecedor Schaeffler e presidente da CLEPA, concorda: “O que a China fez de bom foi evitar a regulação por tecnologia”.
Essa reivindicação surge no momento em que os híbridos e híbridos plug-ins já representam 43% do mercado europeu entre janeiro e julho de 2025, contra 17% dos completamente elétricos. Pequim, por sua vez, apoiou o desenvolvimento das duas tecnologias, além de, em paralelo, investir maciçamente em suas infraestruturas e cadeias de suprimentos, dando aos fabricantes chineses uma clara vantagem competitiva.
As indústrias europeias afirmam que um modelo mais flexível evitaria uma desorganização brusca do mercado em 2035: um afluxo de compras de carros a combustão pouco antes da proibição, seguido de uma queda imediata das vendas.
Bruxelas sob pressão
A Comissão Europeia já concedeu certos afrouxamentos, como a possibilidade de os fabricantes escalonarem sua conformidade com as metas de emissões fixadas para 2025. Também impôs tarifas adicionais sobre os veículos elétricos chineses, acusados de serem subsidiados e de distorcer a concorrência. Mas, por enquanto, Bruxelas permanece inflexível quanto à data de 2035, mesmo diante das profundas divisões que atravessam a indústria.
A Mercedes-Benz vendeu apenas 8% de veículos 100% elétricos no primeiro semestre do ano, enquanto a BMW alcança 18%, a Renault 16% e a Volkswagen 11%. Algumas empresas, como a Volvo Cars e a Polestar, alertam contra qualquer retrocesso, sob o risco de desencorajar investidores e consumidores. Segundo Chris Heron, secretário-geral da associação E-Mobility Europe, mais de uma centena de dirigentes de empresas estão prestes a publicar uma carta pedindo a Bruxelas que mantenha o rumo de 2035 sem concessões.
Na China, a virada já está em andamento: as vendas de carros elétricos devem superar as de veículos a combustão ainda este ano, aumentando a pressão sobre uma indústria europeia que continua dividida quanto ao caminho a seguir.
Imagem: Hamza ERBAY (Unsplash)
Tradução via: JV Tech.
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