Parece Jogos Vorazes, mas é a Casa Branca: a bizarra aposta de Trump para colocar desempenho de jovens atletas em reality show

Competição esportiva com jovens atletas, transmissão televisiva e um pacote de símbolos patrióticos colocam o aniversário de 250 anos dos EUA no centro de um espetáculo político-midiático

Crédito de imagem: Xataka Brasil
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João Paes

Redator
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João Paes

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Escreve sobre tecnologia, games e cultura pop há mais de 10 anos, tendo se interessado por tudo isso desde que abriu o primeiro computador (há muito mais de 10 anos). 

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Donald Trump anunciou mais uma ideia que parece ter saído direto de um roteiro pensado para a TV em horário nobre. Batizada de Patriot Games, a competição esportiva reunirá jovens atletas de todo os Estados Unidos como parte das celebrações dos 250 anos do país, marcados para 2026. O evento, segundo o próprio presidente, será um “evento atlético sem precedentes”, com quatro dias de disputas e transmissão televisiva garantida.

O formato chama atenção: cada estado e território enviará dois representantes do ensino médio — um garoto e uma garota — descritos por Trump como “os maiores atletas jovens do país”. Ainda não há detalhes sobre quais modalidades esportivas estarão em disputa, nem sobre critérios de seleção, mas a promessa é clara: transformar o patriotismo em espetáculo competitivo, embalado para consumo nacional.

A reação, como era de se esperar, foi imediata. Nas redes sociais, democratas e críticos do presidente ironizaram a iniciativa, comparando os Patriot Games a Jogos Vorazes, franquia distópica em que jovens são colocados para competir em arenas televisionadas sob o olhar de um governo autoritário. A analogia pode soar exagerada, mas ajuda a ilustrar o desconforto com a estética e o simbolismo do projeto.

O anúncio oficial veio por meio de um vídeo da Freedom 250, organização criada para liderar as comemorações do quarto de milênio dos Estados Unidos. Trump já havia dado pistas da competição em julho, quando disse que o evento seria televisionado e teria a supervisão de Robert F. Kennedy Jr., atual secretário de Saúde e Serviços Humanos — mais um elemento que adiciona uma camada curiosa (e controversa) à iniciativa.

Mas os Patriot Games são apenas uma peça de um tabuleiro bem maior. No mesmo anúncio, Trump voltou a defender a construção de um arco do triunfo em Washington, inspirado diretamente no Arc de Triomphe de Paris, argumentando que os EUA seriam “o único grande país sem um monumento desse tipo”. A ideia, grandiosa e simbólica, reforça o tom épico que o presidente quer imprimir às celebrações.

Há também espaço para MMA. Trump confirmou que o gramado sul da Casa Branca sediará um evento do UFC no Dia da Bandeira, 14 de junho — coincidentemente, também seu aniversário. Dana White, presidente do UFC e aliado de longa data de Trump, será o anfitrião da noite, prometida como um espetáculo “único no mundo”.

Nos bastidores, a administração Trump tem alinhado verbas e iniciativas federais a essa visão. O Departamento de Agricultura, por exemplo, já abraçou a ideia da Great American State Fair, uma competição entre feiras estaduais para eleger a “mais patriótica”. Já o Smithsonian passa por uma revisão de conteúdo, com a Casa Branca exigindo exposições que “renovem o orgulho nacional”.



Crédito de imagem: Xataka Brasil

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